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MédiaAngola

"Liberdade de imprensa" anunciada por JLo causa surpresa

Manuel Luamba
16 de janeiro de 2024

Declarações do Presidente angolano continuam a gerar reações entre organizações e observadores. MISA-Angola e Omunga manifestaram surpresa perante a afirmação de João Lourenço de que existe liberdade de imprensa no país.

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João Lourenço, Presidente da República de Angola
João Lourenço, Presidente da República de AngolaFoto: picture alliance / Photoshot

O Presidente de Angola, João Lourenço, disse este sábado (13.01), na cidade do Huambo, que o jornalismo angolano está a crescer e a cumprir devidamente o seu papel. Durante uma conferência de imprensa realizada no âmbito de uma visita de trabalho à província do Huambo, Lourenço elogiou o desempenho da comunicação social e destacou a evolução positiva em comparação com o período do partido único, enfatizando a existência atual da liberdade de imprensa.

As declarações de João Lourenço sobre o jornalismo angolano causaram perplexidade a André Mussamo, presidente do MISA-Angola. "Estamos todos surpresos e a questionar-nos que indicadores terá tido o senhor Presidente para afirmar que há crescimento do jornalismo em Angola", interroga-se.

"A não ser que queira referir o facto de o Executivo ter construído um imponente centro de formação no Huambo. Porque não vemos outra razão suficiente para trazer tanto otimismo e fundamentar uma afirmação de uma figura àquele nível", conclui Mussamo.

Cartoon de Sérgio Piçarra sobre os elogios de João Lourenço à imprensa que "cumpre o seu papel"
Cartoon de Sérgio Piçarra sobre os elogios de João Lourenço à imprensa que "cumpre o seu papel"Foto: Sérgio Piçarra/DW

Limitação da liberdade de imprensa

O presidente do MISA-Angola explica que, na prática, verificam-se todos os dias o que chama de "sintomas" de limitação à liberdade de imprensa no país.

"Sabemos da reclamação de outros protagonistas da política angolana que não têm acesso aos media. Portanto, não há equilíbrio neste processo de intermediação entre as mensagens dos protagonistas da política e o público destinatário, que são os eleitores.

Sabemos do facto de, de forma propagandística, a mensagem do Governo ser propalada até à exaustão e sabemos dos factos dos meios estarem numa asfixia porque o sistema político e económico não permite saúde financeira a estes meios", sublinha.

E por falta desta saúde financeira, muitos jornais deixaram de existir, sobrevivendo apenas o Novo Jornal que, recentemente, foi alvo de um ataque.

Por sua vez, João Malavindele, coordenador da ONG Omunga, argumenta que a liberdade de imprensa não pode ser avaliada apenas pelo surgimento de mais rádios e sites noticiosos.

"Quando, por exemplo, existe uma imprensa, sobretudo pública, preocupada em fazer campanha, propaganda para o partido no poder, isso belisca a própria liberdade de imprensa. Na nossa realidade, ainda é bastante visível a questão da censura em determinados assuntos, o que deve passar ou não", destaca.

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