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A queda do secretário-geral e as incógnitas da RENAMO

Maria João Pinto
14 de setembro de 2022

Um novo secretário-geral pode melhorar a imagem da RENAMO? À DW, o jornalista Fernando Lima fala sobre os desafios do partido.

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Líder da RENAMO, Ossufo Momade (centro)
Foto de arquivoFoto: Marcelino Mueia/DW

Aguarda-se a nomeação do novo secretário-geral da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), depois da exoneração de André Majibire, na sexta-feira passada (09.09). Em Maputo, corre o nome da deputada Ivone Soares, antiga líder da Liga da Juventude e da bancada parlamentar do maior partido da oposição, mas nada foi ainda confirmado.

Em entrevista à DW África, o jornalista Fernando Lima lembra que a RENAMO é um movimento muito personalizado na figura do seu líder e Majibire terá deixado de cair nas graças de Ossufo Momade. Resta saber se a RENAMO aproveitará a escolha do novo secretário-geral como uma oportunidade para melhorar a atual imagem esbatida do partido.

DW África: O porta-voz da RENAMO, José Manteigas, fala numa decisão para a qual "pesou a dinâmica do partido". Como é que isto se traduz, na prática? Qual o motivo da exoneração de André Majibire?

Fernando Lima (FL): Para já, vejo dois motivos para esta exoneração. Um tem a ver com uma dinâmica política relacionada com as próximas eleições autárquicas e gerais: Ossufo Momade quer um novo secretário-geral para estes desafios. Por outro lado, no meu ponto de vista, André Majibire nunca foi o secretário-geral de Ossufo Momade. A RENAMO é um movimento muito personalizado na figura do seu líder e, portanto, é natural que ele escolha quem acha que deve ser o secretário-geral, independentemente se isto tem a ver com consensos políticos ou acomodação de tendências. André Majibire deixou de cair nas graças, se é que alguma vez esteve nas graças do atual presidente da RENAMO.

DW África: Que efeitos poderá ter esta saída do secretário-geral no partido, neste momento?

Jornalista Fernando Lima
Fernando Lima: "Nada indica que a RENAMO terá uma nova roupagem com um novo secretário-geral"Foto: DW

FL: Tenho outra resposta em duas vertentes. Por um lado, depende da pessoa que for nomeada para essa função, se de facto trará uma nova dinâmica organizacional, porque o cargo de secretário-geral tem a ver sobretudo com a organização de logísticas, de dinâmicas partidárias ao nível organizativo. Por outro lado, se é uma nomeação decorrente de clientelismo político, isso não vai adiantar nada, não melhorará a situação da RENAMO, nem a sua visibilidade enquanto maior partido da oposição, que deveria fazer frente à FRELIMO, enquanto partido no poder. 

DW África: Poderia esta escolha do novo secretário-geral ser uma oportunidade para Ossufo Momade contrariar a atual imagem um pouco pálida da RENAMO?

FL: Pode ser, mas isso é uma incógnita, porque a RENAMO já nos habituou ao melhor e ao pior. Nada indica que a RENAMO terá uma nova roupagem com um novo secretário-geral, olhando particularmente para a opacidade com que esta demissão ocorreu e que certamente vai ocorrer na nomeação de um novo secretário-geral.

DW África: O nome de Ivone Soares é um dos nomes apontados à sucessão de André Majibire, mas também se ouve falar de Manuel Bissopo, Elias Dhlakama... Há algo que indique uma escolha num destes sentidos?

FL: Não há nenhuma indicação. De facto, em Maputo circula o nome de Ivone Soares. Eu não tenho qualquer indicação de que ela poderá ser escolhida, embora reconheça grandes capacidades à Ivone Soares. Aliás, é uma pena que Ivone Soares tenha perdido o protagonismo que tinha na Assembleia da República, mas isso reflete exatamente as dinâmicas internas da RENAMO.

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