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ConflitosTerritório Ocupado da Palestina

Israel afirma ter destruído o Hamas no norte de Gaza

7 de janeiro de 2024

Militares dizem ter descoberto 8 km de túneis apenas no bairro de Jabalia. No sul do enclave, dois jornalistas foram mortos em bombardeio neste domingo, segundo emissora.

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Israel | Nahostkonflikt | Komplett beschädigte Gebäude im Gazastreifen
Foto: Gil Cohen Magen/XinHua/dpa/picture alliance

As forças israelenses anunciaram na noite deste sábado (06/01) que destruíram a estrutura do Hamas ao norte da Faixa de Gaza, e que os membros do grupo radical islâmico que restaram na região agora "agem sem comandante".

Apenas no bairro de Jabalia, norte da Faixa de Gaza, os militares alegam ter encontrado 8 km de túneis subterrâneos com 40 acessos.

O Hamas é considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e diversos países ocidentais.

Porta-voz do Exército, Daniel Hagari não descartou a possibilidade de combates e disparos esporádicos de foguetes em direção a Israel, mas disse que os militares agora devem focar suas ações no centro e sul do enclave – onde está refugiada, em condições precárias, a maioria dos pouco mais de 2 milhões de habitantes do enclave palestino.

Nas últimas semanas, Israel foi diminuindo sua atuação no norte de Gaza e intensificando no centro e no sul.

O anúncio do Exército israelense antecede a visita do secretário de Estado americano Antony Blinken, que começou neste domingo uma nova série de viagens pelo Oriente Médio. Ante as mais de 22,8 mil mortes em Gaza desde o início do conflito, os Estados Unidos têm pressionado Israel a moderar sua campanha militar e se concentrar em ações mais específicas contra líderes do Hamas.

Embora se baseie em números fornecidos por entidades controladas pelo Hamas e que não podem ser verificados de forma independente, a contagem oficial de vítimas no lado palestino é tida como plausível por órgãos como as Nações Unidas. Os dados não diferenciam entre civis e combatentes, mas estima-se que cerca de dois terços das vítimas sejam mulheres e menores de idade.

Israel, por sua vez, afirma ter matado mais de 8 mil terroristas em Gaza e perdido 176 soldados desde o início da invasão por terra, no final de outubro. O governo israelense sustenta que o Hamas, ao operar em áreas densamente habitadas e usar a população como escudo humano, é quem deve responder pelas mortes de civis.

O país declarou guerra ao grupo radical islâmico após uma série de atentados em 7 de outubro que mataram cerca de 1.200 pessoas e resultaram no sequestro de outras 240 – destas, estima-se que 129 ainda estejam em cativeiro.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu já frisou diversas vezes que a guerra só acabará quando o Hamas for eliminado, todos os reféns forem libertados e Gaza deixar de ser uma ameaça ao Estado judeu.

Emissora diz que outros dois jornalistas foram mortos em bombardeios

Um bombardeio próximo à cidade de Rafah, sul do enclave, matou dois jornalistas neste domingo – um deles é Hamza Dahdouh, filho mais velho do correspondente da Al Jazeera Wael Dahdouh, segundo informou o veículo catari. Desde o início da guerra Israel-Hamas, Dahdouh perdeu a mulher, dois filhos e um neto. A outra vítima, Mustafa Thuria, colaborava com as agências de notícias AFP, AP e Reuters.

Correspondente da Al Jazeera em Gaza, Wael Dahdouh segura a mão de filho morto em bombardeio enquanto é observado por uma criança que chora.
Correspondente da Al Jazeera em Gaza, Wael Dahdouh segura a mão de filho morto em bombardeio. Hamza Dahdouh também trabalhava para a emissora catari.Foto: Hatem Ali/AP/picture alliance

Segundo a AFP, Thuria e Dahdouh estavam em um carro a caminho de Rafah para registrar danos de um bombardeio. Ao deixarem a área, o carro em que eles estavam teria sido bombardeado.

A Al Jazeera condenou o episódio e acusou Israel de "violar os princípios da liberdade de imprensa". A ONG Repórteres Sem Fronteiras também lamentou as mortes. O Exército israelense ainda não havia comentado o caso.

O Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) afirma que o conflito, que completou três meses neste domingo, já matou ao menos 77 profissionais de imprensa.

Também neste domingo, a organização Médicos Sem Fronteiras anunciou a saída da equipe e parentes do hospital al-Aqsa, na cidade de Deir al-Balah, região central da Faixa de Gaza. A decisão foi tomada diante da orientação do Exército israelense a civis para que evacuem a região.

"É com a consciência pesada que temos que evacuar enquanto pacientes, funcionários e muitas pessoas buscando refúgio continuam dentro do hospital", afirmou Carolina Lopez, coordenadora de emergência no Al-Aqsa.

Chefe de ajuda humanitária das Nações Unidas, Martin Griffiths disse no sábado que a Faixa de Gaza se tornou "inabitável", assolada por bombardeios e uma crise humanitária sem precedentes.

Mortes também na Cisjordânia

Fora de Gaza, a Cisjordânia ocupada continua a registrar novos episódios de violência.

Ainda neste domingo, a polícia israelense confirmou a morte de uma criança palestina, alvejada por agentes que reagiram a um ataque em um checkpoint.

Outros sete palestinos foram mortos pelo Exército israelense, segundo a Autoridade Palestina, em reação a um ataque às tropas na região.

As autoridades israelenses também comunicaram a morte de uma policial israelense em um atentado a bomba em Jenin.

ra/rk (AP, dpa, AFP, Reuters, ots)