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União Europeia vai enviar formadores ao Mali

Bertolaso-Krippahl, Cristina17 de janeiro de 2013

Em reunião extraordinária, ministros dos Negócios Estrangeiros dizem que não vão participar ativamente nas operações militares contra rebeldes no país africano. Decisão antecipa calendário original por causa da França.

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O plano da UE prevê o envio, em meados de fevereiro, de cerca de 450 militares europeus, entre os quais 200 instrutores, no quadro da missão de treino EUTM. Trata-se de uma antecipação de algumas semanas sobre o calendário originalmente previsto, que tem em conta a nova situação criada pela intervenção militar francesa lançada na sexta-feira da semana passada (11.01).

A Bruxelas deslocou-se também o ministro maliano dos negócios estrangeiros, Tieman Coulibaly, para angariar o apoio da União Europeia: "Há que compreender que um país em desenvolvimento com recursos tão escassos como o Mali tem necessidade de ajuda. O terrorismo pode agir em todo o lado, em qualquer altura contra todos. Precisamos de uma civilização de luta contra o terrorismo", afirmou Coulibaly, durante a reunião.

É possível que a missão limitada decidida pelos europeus não tenha correspondido completamente aos anseios do ministro maliano. Segundo o comunicado oficial da UE, a operação tem por objectivo contribuir, através da formação, à restauração da capacidade de resposta militar do Mali ao avanço dos rebeldes fundamentalistas islâmicos, a fim de que seja "restabelecida a integridade territorial do país".

Intervenção militar francesa pode alterar plano original da UE

A França comanda a EUTM, que, inicialmente, previa a formação de 3 mil soldados malianos. No entanto, com a nova situação criada pela intervenção militar da França e alguns países africanos no conflito entre o norte e o sul de um dos países mais pobres do mundo, a missão, com custos avaliados em mais de 12 milhões de euros por um mandato inicial de 15 meses, poderá sofrer algumas alterações.

Segundo o chefe da diplomacia a alemã, Guido Westerwelle, ainda não está decidida a extensão da contribuição da Alemanha, para além da disponibilização já anteriormente anunciada de dois aviões do tipo Transall para o transporte das tropas.

Mas Westerwelle advertiu, também nesta quinta-feira, após a reunião extraordinária dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE: "Já hoje há vários milhares de soldados alemães em missões internacionais, por exemplo no Afeganistão, onde não se engajam outros países europeus da mesma forma. Como a França, que se retirou completamente [daquele país]. É preciso entender que as nossas possibilidades são limitadas".

UE aprova missão militar da França no Mali

De um modo geral, no entanto, a União Europeia mostrou-se unânime na aprovação da iniciativa unilateral da França em intervir militarmente no Mali. O ministro dos negócios estrangeiros do Luxemburgo, Jean Asselborn, salienta que mesmo a China e a Rússia não manifestaram oposição à iniciativa de Paris, apesar desta não ter sido sancionada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Segundo Asselborn, "se na semana passada não tivesse acontecido nada, Bamaco teria caído. O Mali deixaria de existir. Depois do Mali teria sido a vez do Níger e de muitos outros países. Por isso temos que respeitar a decisão da França".

Alguns analistas são cépticos quanto ao engajamento de tropas europeias no Mali. O bispo militar Martin Dutzmann disse à agência de notícias epd, que duvida que tivessem sido feitos todos os esforços possíveis para uma solução pacífica. E lembrou que a internvenção militar no Afeganistão não pôs termo ao terrorismo, tendo servido apenas para desviar o problema para outros países.

Autora: Cristina Krippahl (AFP/Reuters/DPA/epd)
Edição: Renate Krieger/António Rocha