Tete: Risco de explosões devido a fogo subterrâneo

Especialistas na província moçambicana de Tete alertam para possíveis ocorrências de explosões em áreas residenciais no distrito de Moatize. O fenómeno estará a ser causado pela abundância do carvão mineral na região e representa um perigo à população.

O alerta surgiu em outubro, após residentes da cidade mineira de Moatize terem sido surpreendidos pelo aparecimento de fogo subterrâneo em casas do bairro Liberdade.

O fenómeno gerou fissuras e debilitou algumas habitações, levando à destruição de algumas residências. Alguns moradores relatam preocupação, outros já ficaram mesmo sem ter onde morar.

O fogo por de baixo da terra também libertou um fumo que chegou a causar o desmaio de um casal de idosos, moradores de uma das residências que acabou por ser demolida.

Perigo para moradores

Até o momento, duas casas foram totalmente destruidas por terem sido afetadas severamente pelas chamas.

"De repente vimos fumo a sair da fundação das casas. O fumo já vinha entrando nas nossas residências e quando nos apercebemos já era tarde. O fogo já havia invadido a casa toda, tivemos que demolir algumas casas, se não mesmo todas. Tenho onze filhos e não tenho onde viver", lamenta um morador.

O geólogo Astorga Chatocota diz que a situação oferece perigo aos moradores porque toda a cidade de Moatize pode estar em cima de uma jazida de carvão. As altas temperaturas da região aumentam o risco de combustão.

"Sem nenhuma sombra de dúvidas, se houve este fenómeno hoje, um dia pode existir ou voltar a ocorrer, por mais vezes, fenómenos similares de ocorrências de combustão e em algumas vezes pode ser localmente uma combustão que crie explosões e afete a vida das pessoas", explica.

Vasta área afetada

O especialista lembra a necessidade de a população residir distante das zonas de exploração mineral.

"Urge as pessoas saírem, deslocarem-se das zonas de risco, não podem residir muito próximo das áreas mineiras porque correm perigo".

O diretor provincial dos serviços de infraestruturas, Grácio Cune, ressalta que o carvão está espalhado por uma vasta área em Moatize. Cune explicou que, como o mineral teve contacto com o oxigénio, começou a queimar por baixo da terra.

"Só se notou quando, por baixo, começaram a criar-se vazios como consequências da queima desse carvão e algumas infraestruturas ficaram danificadas. Neste momento uma residência ficou seriamente afetada, ficou totalmente destruída, foram removidas as chapas de cobertura e acredito que vai ser demolida para continuar o processo de acumulação de uma espessura de solos e vai permitir que o oxigénio não vá às camadas inferiores para alimentar a combustão do carvão lá em baixo".

O governo projeta um estudo com especialistas ligados à área para a identificação das zonas de risco por forma a evitar que situações idênticas se repitam.