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RDC: Presidente Kabila pressionado em várias frentes

Cristina Krippahl | tms
26 de janeiro de 2018

Para além da violência e instabilidade política, o exército da República Democrática do Congo tem agora pela frente o combate a grupos de mílicias que estão a unir forças contra a permanência de Joseph Kabila no poder.

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Manifestação contra a permanência de Kabila no poder em Kinshasa (2016)Foto: picture alliance/dpa/AP Photo/J. Bompengo

O Exército da República Democrática do Congo (RDC) está a lutar contra milícias em várias frentes. Agora, surgem mais problemas no leste do país, onde várias milícias se unem em oposição ao Presidente Joseph Kabila.

A frustração é crescente em todo o país. O porta-voz da União Patriótica para a Libertação do Congo (UPLC), John Maangaiko, disse à DW que muitas pessoas sentem que a violência é a única forma de pressionar o regime de Joseph Kabila. "Unimo-nos para lutar contra o homem que quer permanecer no poder para sempre", explica.

O "homem” é Kabila. O líder de 46 anos recusa-se a deixar o poder, embora o seu mandato já tenha acabado há muito tempo. O acordo político assinado em 2016 previa eleições em dezembro do ano passado, mas estas continuam a ser adiadas, estando agora agendadas para 23 de dezembro deste ano.

Para Florence Marchal, porta-voz da missão de paz da ONU no Congo (MONUSCO), existem no país muitos grupos armados e que representam, na sua opinião, "uma ameaça inaceitável para os civis". O objetivo da MONUSCO é por isso "neutralizá-los”. "As forças congolesas lançaram uma grande operação nas províncias do Kivu do Norte e Kivu do Sul para pôr um fim a esses grupos armados", acrescenta Florence Marchal.

Proteste im Kongo
Polícia congolesa reprimiu com violência uma manifestação no passado dia 21 de janeiroFoto: Getty Images/AFP/J. Wessels

A juntar ao surgimento de milícias que visam pressionar o Governo através da violência, há também violência por parte das forças de segurança do Estado. No último fim de semana, manifestações pacíficas convocadas pela Igreja Católica contra o Presidente, em Kinshasa, foram fortemente reprimidas por agentes de segurança. Pelo menos seis pessoas morreram e dezenas foram detidas. 

O cardeal Laurent Monsengwo, arcebispo de Kinshasa, condenou fortemente a ação das forças de segurança e pediu aos congoleses para "permanecerem firmes". "Vivemos  numa prisão ao ar livre?", questionou.

Trabalho da ONU cada vez mais díficil

A ONU instou o Governo congolês a investigar a violência contra os manifestantes, indicando que há um padrão recorrente de repressão contra opositores políticos do Presidente Joseph Kabila. Um grupo de observadores das Nações e representantes da MONUSCO também foram atacados pela polícia.

Questionada se os incidentes poderiam afetar a relação entre a MONUSCO e Kabila, Florence Marchal frisou que a missão está no país "a convite do Governo congolês”. E acrescentou: "Estamos aqui apara apoiar a governação e os seus esforços para a estabilização e desenvolvimento do país. Temos uma ação em conjunto com as Forças Armadas congolesas. Então, é claro que há espaço para melhorar o relacionamento."

RDC: Presidente Kabila pressionado em várias frentes

Atualmente, uma missão conjunta dos Estados Unidos, França e do Reino Unido está na RDC para preparar uma nova resolução para a ONU em março, que constituirá a base para uma decisão sobre a renovação do mandato da MONUSCO.

Cortes no orçamento

Os cortes no pagamento do governo norte-americano às Nações Unidas, ordenados pelo Presidente Donald Trump, também já estão a ter consequências. Segundo Florence Marchal, a suspensão do pagamento afetará todas as missões de manutenção da paz.

"Já temos uma redução de 8% no nosso orçamento. Por isso, estamos a rever o programa para responder à nossa missão da forma mais eficiente, que é proteger os civis e assegurar a implementação do acordo político de 2016", disse a responsável.

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