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Racismo e discriminação no rap de Kanhanga, angolano no Brasil

Mendonca Estarque, Marina11 de setembro de 2013

O músico, que vive no país sul-americano há oito anos, apresenta seu novo álbum. Narrador Kanhanga, como é conhecido, conta através da música as dificuldades de um jovem negro e imigrante no Brasil.

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"O Preto do Bairro II" é o novo álbum, lançado neste mês no Brasil, do rapper angolano Kanhanga. O disco traz relatos da dura vida deste jovem de 30 anos, nascido na cidade de Lobito, província de Benguela, em Angola.

Geraldino Canhanga do Carmo da Silva vive há oito anos na cidade de Porto Alegre, região sul do Brasil. No novo disco é possível conhecer um pouco mais sobre a história de vida deste jovem, que chegou no Brasil em 2005 para estudar Administração de Negócios Internacionais e investir na carreira de músico.

"O Preto do Bairro resgata a minha vida, a vida da minha família, as minhas emoções, a minha trajetória. Conta o que eu passei em Angola e o que eu passo aqui no Brasil, caracteriza a minha vida", diz o rapper. Para ele, basta escutar uma música para saber um pouco sobre a sua personalidade.

Temas como preconceito, desigualdade social e descriminação fazem parte do quinto álbum de Kanhanga.

Homenagem aos pais

A primeira música do CD é em homenagem ao pai do músico, que morreu em consequência de um acidente vascular cerebral. "O meu pai ficou cinco anos doente, cadeirante, ele tinha trombose. Depois de três anos ele já tinha perdido a fala e o movimento dos membros superiores e inferiores", lamenta.

O cantor conta que a família tentou socorrer o pai: "A gente correu, fez de tudo para tentar melhorar a saúde dele, andamos pelos hospitais de Angola, mas a gente não conseguiu".

O cantor angolano também dedicou uma música em homenagem a sua mãe, que faleceu no período em que o rapper estava no Brasil estudando. A música contextualiza o sentimento da perda e saudade mesclada com dor e solidão.

Racismo

O cantor também aborda temas sociais em suas canções, como é o caso da desigualdade e o racismo. "Existe uma disparidade enorme entre as classes sociais. E quem luta por uma causa como essa, por justiça e igualdade social, consegue enxergar isso", conta.

Narrador Kanhanga diz que ele mesmo sofre com o racismo. "Isso é visível. E quem achar que não existe está a enganar-se a si próprio. Eu vivo isso, está no meu dia-a-dia. Embora eu tenha um mecanismo para driblar isso, o preconceito ainda existe."

"O Preto do Bairro II" fala, através do rap, tudo o que este jovem negro africano, sem pai, sem mãe e imigrante, viveu em uma sociedade brasileira preconceituosa e racista.