Os membros e apoiantes da RENAMO cantavam a sua palavra de ordem na recepção ao seu candidato a governador na província da Zambézia. "Apaquea" é uma expressão na língua Chwabo que quer dizer "os ladrões estão encurralados", numa clara referência à FRELIMO, partido no poder, seu principal adversário.
Vindo de quatro distritos, Manuel de Araújo encerrou a sua campanha ao Governo da Zambézia no campo de Chirangano, em Quelmane, no final da tarde deste sábado (12.10), fazendo um comício para centenas de pessoas.
Manuel de Araújo a falar a seus apoiadores
"Hoje vocês vieram testemunhar a abertura na história de Moçambique. Em 1975, nós tivemos aquilo que deveria ser a nossa libertação política, mas um grupo de ladrões, bandidos e assassinos roubou a independência do povo. Então, no dia 15, o povo de Moçambique, o povo da Zambézia, vai abrir uma nova página, a segunda independência de Mocambique," disparou.
Promessas ao professor
E "o puto mais fofo da Zambézia", como ele próprio se intitula, aproveitou o 12 de outubro, dia do professor, para fazer mais promessas eleitorais e para acusar implicitamente a FRELIMO de ser responsável pela violência.
"A minha mãe, a professora Inês, aquela a quem eles queimaram a casa, também é professora," disse à multidão.
"Tenho seis irmãos, dos quais quatro somos professores, por isso, hoje quero homenagear a todos os professores da República de Mocambique," acrescentou.
"Nas eleições do ano passado, eles trouxeram professores do Chinde, de Mopeia e de Nicoadala. Os professores votaram neles, ou votaram na RENAMO? Na RENAMO! O Governo da RENAMO vai privilegiar a melhoria das condições de trabalho dos nossos professores," prometeu o candidato do maior partido da oposição.
Marcha por Quelimane
Depois do comício, quando o sol já se punha, Manuel de Araújo, acompanhado de uma multidão efusiva, deixou o campo para fazer uma passeata pelas artérias da cidade e dos bairros periféricos de Quelimane, como Brandão e Inchope.
Muitos dos apoiantes, montados nas suas bicicletas, marca da cidade e do próprio candidato, cantavam incessantemente.
"Aqui quem manda? É RENAMO", diziam.
A passeata contou com a proteção da Polícia, que é vista como servidora dos interesses do Governo do dia, violenta e pouco profissional, principalmente em época eleitoral. A estes "o puto mais fofo da Zambézia" deixa um recado.
"Mas também temos aqueles nossos irmãos que costumam bater-nos nas eleições. Nós queremos dizer aos nossos irmãos polícias que a luta da RENAMO é para libertar o próprio polícia. Vamos aumentar o salário do polícia, porque uma pessoa quando está com fome gosta de bater o outro ou não? O salário do polícia dá para comprar bicicleta? Dá para comprar mota? A RENAMO vai melhorar os salários dos polícias," prometeu.
E o apelo mais forte feito pelo candidato da RENAMO foi para que os eleitores não abandonem os postos de votação, após terem votado, no sentido de serem vigilantes, o objetivo é evitar fraudes eleitorais. Entretanto, as autoridades já alertaram para que se faça justamente o contrário, sob risco de serem penalizados.
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Autoria: Nádia Issufo