"Os dirigentes concordaram que, nas próximas semanas, o processo de desarmamento, desmobilização e reintegração será retomado com o objetivo de encerrar as cinco bases restantes da RENAMO e criar as condições necessárias para que os restantes combatentes regressem à casa", refere um comunicado da Presidência moçambicana emitido esta terça-feira (05.04) após uma reunião entre Filipe Nyusi e Ossufo Momade em Maputo.
Segundo a Presidência moçambicana, a Comissão de Assuntos Militares e os Grupos Técnicos Conjuntos para o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos antigos guerrilheiros da Renamo vão orientar as atividades no terreno nos próximos dias e também será criado um grupo para analisar o problema dos atrasos das pensões dos guerrilheiros já desmobilizados, uma questão que tem sido recorrentemente levantada pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
"Os dirigentes concordaram que o diálogo continua a ser a única linha de ação para ultrapassar as diferenças e manifestaram a sua satisfação com a cultura de paz que muitas regiões do país estão agora a viver", acrescenta o comunicado da Presidência.
Acordo de paz de 2019
O Acordo de Paz e Reconciliação Nacional de Maputo foi assinado em agosto de 2019 pelo chefe de Estado moçambicano e pelo presidente da Renamo, prevendo, entre outros aspetos, o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado do principal partido de oposição.
No quadro do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional de Maputo, segundo dados oficiais, 63% dos cerca de cinco mil guerrilheiros da Renamo previstos já entregaram as armas e, das 16 bases daquela força política, 11 já foram desativadas.
O acordo foi o terceiro entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Renamo, tendo os três sido assinados após ciclos de violência armada, principalmente no centro do país.
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Acordo de Paz histórico em Moçambique
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
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Acordo de Paz histórico em Moçambique
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
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Acordo de Paz histórico em Moçambique
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
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Acordo de Paz histórico em Moçambique
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
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Acordo de Paz histórico em Moçambique
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
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Acordo de Paz histórico em Moçambique
"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
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Acordo de Paz histórico em Moçambique
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.
Autoria: Arcénio Sebastião, Lusa, rvp