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João Lourenço quer mais investimentos portugueses em Angola

23 de novembro de 2018

Portugal e Angola assinaram 13 acordos de cooperação, abrangendo áreas como justiça, turismo, saúde e educação e quer ver mais aprofundada a cooperação económica entre os dois países.

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Portugal - Treffen von dem angolischem Präsidenten Joao Lourenco mit Antonio Costa
Presidente de Angola João Lourenço e António Costa primeiro-ministro de PortugalFoto: Imago/GlobalImagens/L. de Castro

No segundo dia da visita de Estado a Portugal, João Lourenço reuniu-se esta sexta-feira (23.11.) com António Costa, no Palácio da Bolsa no Porto, antes de encerrarem o Fórum Económico e Empresarial.

O Presidente angolano e o primeiro-ministro português deram outra notoriedade ao referido fórum empresarial para sublinhar o empenho de ambos os países em incrementar a cooperação.

No final da reunião entre as delegações dos dois países, foram assinados 13 instrumentos de cooperação em vários domínios.

"Nessa cooperação queremos ver destacado, sobretudo, o papel dos empresários, dos homens de negócios portugueses a investir em Angola e o contrário também é verdadeiro. Dos homens de negócios a investir em Portugal. E ao falar da diversificação da economia não podemos, de forma nenhuma, deixar de contar com a intervenção de Portugal, dos empresários portugueses que gostaríamos de vê-los em força em Angola investindo nos mais diferentes domínios da nossa economia", destacou o chefe de Estado angolano.

Uma cooperação que João Lourenço quer ver alargada com a assinatura de novos acordos, quando o seu homólogo, Marcelo Rebelo de Sousa, visitar Angola, em 2019, em data a ser acertada pela diplomacia dos dois países.

Otimismo no futuro

Em declarações que tinha prestado antes à DW África, o primeiro-ministro português António Costa falou com otimismo sobre o futuro. "Nós temos mantido contatos frequentes com o Governo angolano, quer na base bilateral quer na base multilateral e, portanto, só creio que há boas razões, de uma parte e de outra, para intensificarmos as relações", sublinhou.A diplomacia angolana, pela voz do ministro das Relações Exteriores, diz que "o futuro é brilhante" e apresenta "perspetivas animadoras". Manuel Augusto acredita que "a dinâmica dos empresários vai determinar o nível das relações económicas".O ministro das Finanças de Angola, Archer Mangueira, que faz parte da comitiva, trabalha neste sentido com as instituições portuguesas ligadas a vários setores de interesse comum, visando reforçar as relações económicas e comerciais entre os dois países.

Großbritannien London - Treffen Angolischer und Portogisiescher Geschäftsmänner zu Tourismus
Archer MangueiraFoto: DW/J. Carlos

O aumento por parte de Portugal do limite de crédito de mil para 1 500 milhões de euros vai permitir o alargamento da cooperação, competindo a Angola apresentar projetos, que tenham a participação de empresas portuguesas, tal deu conta o chede da diplomacia angolana, Manuel Augusto.

Angola honra pagamento das dívidas

Desde a visita de António Costa a Angola, em setembro deste ano, que foi estabelecido um cronograma para tratamento de assuntos pendentes, entre os quais as dívidas a algumas empresas portuguesas. Segundo Manuel Augusto, Angola já está a honrar o compromisso.

"Angola já iniciou, não só a certificação das dívidas – que é um processo quase completo – mas também o pagamento. Nós tivemos um trabalho que reportamos aqui às autoridades portuguesas há cerca de duas semanas quando aqui me desloquei e nessa altura já tínhamos certificado dívidas no valor de 200 milhões de euros. E já tínhamos procedido à regularização no valor de 100 milhões"…Confiante em relação aos resultados desta visita a Portugal, Manuel Reis Campos, presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, reafirma o interesse das empresas portuguesas pelo potencial que representa o mercado angolano.

Manuel Augusto
Manuel AugustoFoto: DW/J. Carlos

O dirigente português reconhece que as dívidas a Portugal ainda são um problema a sanar, mas mostra-se aliviado porque o Presidente João Lourenço já transmitiu alguma tranquilidade aos empresários "e nós estamos a ver neste momento formas de cooperação futura. Portanto, as dívidas são problemas que dizem respeito a cada uma das empresas, mas com certeza que no quadro atual esses problemas serão ultrapassados. É a nossa convicção".

Recorde-se, que Angola foi sempre um mercado potencial, representando 48,2 por cento na sua internacionalização. No entanto, muitas empresas portuguesas deixaram o país, outras caíram em falência em consequência da crise económica e financeira. "A queda do preço do petróleo foi a principal causadora de algumas mudanças, o que obrigou algumas empresas a deixarem Angola", reconhece Reis Campos.

Experiências no domínio da formação

Outra das áreas que Angola quer fomentar no âmbito da estratégia de diversificação da economia angolana é o turismo, considerado como uma das alavancas para o desenvolvimento do país. Portugal é visto como um parceiro preferencial, segundo a ministra que tutela a pasta, Ângela Bragança."Mas nós com Portugal, independentemente desta área de fomento, temos outras iniciativas no domínio da formação. Durante a nossa estadia temos estado a aproveitar para fazer visitas. Visitámos um hotel escola, visitámos a escola de turismo, vamos a Braga, vamos ver a Escola da Amadora. Portanto, estamos muito interessados em ver a experiência que Portugal tem no domínio da formação, porque a grande vulnerabilidade dos nossos serviços de hotelaria e turismo é a força de trabalho".

Großbritannien London - Treffen Angolischer und Portogisiescher Geschäftsmänner zu Tourismus
Ângela BragançaFoto: DW/J. Carlos

Segurança nos investimentos

Na opinião do analista Rui Verde, Portugal dançou ao tom de Angola nesta visita de João Lourenço, "curiosamente marcado por José Eduardo dos Santos com a sua conferência de imprensa, que procurava ensombrar a viagem" do chefe de Estado angolano.

"João Lourenço respondeu de forma muito incisiva e assertiva ganhando o primeiro round e os portugueses limitaram-se a assistir e a dançar ao novo tom, aplaudindo o combate à corrupção. O curioso é que, de um modo geral, são os mesmos portugueses que no passado também aplaudiram José Eduardo dos Santos".Para Rui Verde, "isso quer dizer que a política externa portuguesa continua a ser de se acomodar como plasticina ao que se vai passando em Angola e não ter uma vontade própria. O único objetivo desta visita foca-se no estabelecimento de relações económicas, mas o analista português considera que "as relações económicas só serão seguras quando estiverem garantidas a segurança dos investimentos em Angola" (…) "e quando haja movimentos de capitais" entre os dois países.

João Lourenço, exorta empresários portugueses a investirem a médio e longo prazo em Angola

Rui Verde considera que, do ponto de vista de João Lourenço, "a viagem foi um sucesso", porque "conseguiu aguentar o embate de José Eduardo dos Santos e contra atacou com força e teve Portugal aos seus pés". De resto, acrescenta, "vamos ver agora os resultados [desta visita], que dependem mais de Lourenço do que propriamente de Portugal", concluiu Rui Verde.