1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Imprensa critica dupla linguagem dos ocidentais na Líbia

12 de agosto de 2011

Para além da dramática situação de seca e fome no Corno de África, os jornais alemães da semana que está a terminar também falaram da Líbia.

https://p.dw.com/p/Rfj7
Apesar dos vários bombardeamentos contra muitas posições militares do regime líbio, Kadhafi continua no poderFoto: picture alliance/dpa

No que concerne a Líbia, o Frankfurter Allgemeine Zeitung, denunciou o que considerou ser "a dupla linguagem dos ocidentais". O jornal critica nomeadamente "as negociações secretas que aparentemente estão em curso com o coronel Kadhafi. O dirigente líbio poderá abdicar, salvando a face em contrapartida de uma garantia de imunidade".

O jornal sublinha que só o simples facto de haver tais negociações "diminui a autoridade do Tribunal Penal Internacional (TPI) e toda justiça internacional". Assim o TPI entra no jogo de interesses das grandes potências ocidentais. "Isso parece dar razão a todos aqueles que sempre consideraram uma quimera a separação entre a justiça, ou seja, o TPI, e a política, por outras palavras, o Conselho de Segurança da ONU", conclui o quotidiano .

Alemanha contra a corrupção em África

Num outro artigo, o Süddeutsche Zeitung escreveu sobre as novas orientações que o ministro alemão da Cooperação, Dirk Niebel, quer imprimir à política alemã de desenvolvimento, incluindo, nota o jornal, "a luta contra a corrupção nos países que beneficiam da ajuda alemã".

Sobre o princípio, todos estão de acordo. Mas é principalmente quanto ao método adotado por Dirk Niebel que existem algumas críticas. "É assim que a Alemanha deve cessar com o envio de dinheiros para os projetos do Fundo Mundial de Luta contra a Sida, a Tuberculose e o Paludismo".

Niebel duvida da eficácia da iniciativa, depois da revelação de casos de corrupção em alguns países africanos, onde dinheiros provenientes desse fundo foram desviados. Os montantes rondam os 40 milhões de dólares, ou seja, uma ínfima parte dos 13 mil milhões de dólares distribuídos pelo Fundo. E, como destaca o quotidiano no título do artigo, "se a Alemanha cessa de pagar, milhares de pessoas vão morrer".

Retirada estratégica das milícias shebaab de Mogadíscio

Somalia bewafnete Miliz in Mogadishu
Retirada de Mogadíscio dos radicais islâmicos 'shebaab', ligados à Al-Qaida.Foto: AP

Toda a imprensa alemã fez eco da retirada das milícias islamistas shebaab de Mogadíscio, a capital somali. "As razões e o alcance desta retirada permanecem praticamente desconhecidos", nota o Tageszeitung. Trata-se, na verdade, de uma importante vitória do governo, como anunciou em tom triunfal o presidente Sharif Cheik Ahmed? Ou de uma emboscada dos islamistas?

Para um ex-combatente shebaab, com quem o jornal conversou, "é, na verdade, uma armadilha". Abdelkader, o jovem ex-combatente de 21 anos, desertou das fileiras das milícias islamistas e começou a estudar contabilidade. Ele relata porquê em 2003, quando tinha somente 14 anos, se juntou à União islâmica dos Tribunais, que, por sua vez, também se aliou às milícias shebaab : "Pensava" diz, "que os islamistas conseguiriam acabar com a anarquia na Somália e finalmente iriam reintroduzir uma espécie de justiça no país".

Para ele como para a maioria dos somalis da altura, qualquer sistema num Estado de direito seria preferível à situação vivida durante anos pela população.

Abdelkader foi formado no sul da Somália. Com o tempo, conta, as milícias shebaab tornaram-se cada vez mais brutais, fazendo com que decidisse fugir e refugiar-se num bairro de Mogadíscio controlado pelo governo. "Mas estou permanentemente com medo da vingança dos shebaab", disse ao Tageszeitung.

A Somália será um dia um Estado?

Dossierbild Afrika Hungersnot 2011 Bild 3
Milhares de pessoas continuam a fugir à seca e à fome no Corno de ÁfricaFoto: AP

Para o Frankfurter Allgemeine Zeitung, o problema na Somália é político e não humanitário. A fome repetir-se-á enquanto o país estiver mergulhado na guerra e sem governo estável, nem instituições que funcionem.

"Pode-se duvidar, tendo em conta a história do país e do pessoal que forma o atual governo de transição, que a Somália se torne um dia num Estado", conclui o quotidiano.

Autor: António Rocha

Editora: Cristina Krippahl