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Human Rights Watch denuncia abusos nas minas de cobre zambianas

3 de novembro de 2011

Mineiros zambianos pensam que a violação das normas de segurança e de saúde por parte das empresas chinesas anula as vantagens do investimento estrangeiro no país.

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Minas de cobre na Zambia

O relatório da Human Rights Watch tem o seguinte título: “Serás despedido se recusares sujeitar-te aos abusos das empresas estatais chinesas que exploram minas de cobre na Zâmbia”.

A denúncia da organização de defesa dos direitos humanos surge numa altura em que o governo de Pequim mantém uma agressiva política de investimento num vasto conjunto de países africanos ricos em matérias primas.

O objectivo é claro: pressionar as autoridades e os investidores chineses a cumprirem as leis laborais nos países onde investem e a obedecerem às normas internacionais do trabalho.

O caso dos abusos chineses sobre os trabalhadores das minas de cobre na Zâmbia foi apresentado em Lusaka, capital do país, por Matt Wells da divisão africana da Human Rights Watch. "Constatamos que as práticas chinesas violam as normas de segurança e de saúde nas minas de cobre zambianas e isso é muito preocupante".

Comparativamente, nas minas exploradas por chineses "as condições são as piores". "Há violações claras das leis zambianas e internacionais. Os gestores chineses obrigam os mineiros a trabalhar em áreas sem segurança e ameaçam despedi-los em caso de recusa", salienta Matt Wells.

Segurança dos trabalhadores ignorada

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Mineiros zambianos denunciam violação das normas de segurança e de saúde por parte das empresas chinesasFoto: ap

O presidente da Federação dos Sindicatos da Zambia, Joyce Nonde Simukoko, diz este tipo de violações, na prática é comum a todos os investidores estrangeiros e não apenas aos oriundos da China.

Por seu turno, o embaixador da China na Zâmbia, Zhou Yuxiao, contesta todas as acusações. "O governo chinês defende o principio de uma cooperação com vantagens recíprocas. Quando as empresas chinesas não cumprem as leis num determinado país também estão a prejudicar a imagem da China".

Mineiros queixam-se dos abusos chineses

O discurso do diplomata chinês é frontalmente contestado pela larga maioria dos mineiros. Os homens ganham pouco mais de 100 euros por mês e as mulheres cerca de 36.

A maioria dos investidores chineses reprime atividades sindicais. No ano passado, numa mina de carvão no sul do país, foram feitos disparos sobre 17 mineiros que protestavam contra as más condições de trabalho.

Face a este cenário importa referir os números gerados pelos negócios bilaterais entre a Zâmbia e a China. Em 2010, foram mais de mil milhões de euros. A subida foi de 97 por cento relativamente a 2009.

Autor: Cathy Sikombe / Pedro Varanda de Castro
Edição: Helena de Gouveia/António Rocha