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Egito: Partidos islâmicos arrecadaram 65% dos votos na primeira etapa das legislativas

5 de dezembro de 2011

O Partido da Liberdade e da Justiça, ligado à Irmandade Muçulmana, somou 36 por cento dos votos. O Al-Nour (salafista) conseguiu 24 por cento e os islâmicos moderados do Wassat quedaram-se pelos 4,27 por cento.

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Processo eleitoral no Egito mobiliza multidões e alimenta esperanças populares de democracia e justiça social
Processo eleitoral no Egito mobiliza multidões e alimenta esperanças populares de democracia e justiça socialFoto: dapd

No Egito, a população voltou na segunda-feira (05.12) às urnas para votar na segunda volta das eleições legislativas que contempla um terço das províncias, incluindo as duas maiores cidades, Cairo e Alexandria. As legislativas desenrolam-se em três etapas, ao longo de quatro meses. Na primeira volta os partidos islâmicos arrecadaram 65 por cento dos sufrágios.

Entre os 82 milhões de egípcios, cerca de 50 milhões têm capacidade para eleger 498 membros da Assembleia do Povo (Parlamento). O chefe das Forças Armadas e atual chefe de Estado, marechal Hussein Tantaoui, goza de poderes especiais para designar outros 10 membros da câmara legislativa.

Na primeira volta, o Partido da Liberdade e da Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana, obteve mais de 36 por cento dos votos. Os salafistas do Al-Nour conseguiram 24 por cento, enquanto os islâmicos moderados do partido Wassat se quedaram pelos 4,27 por cento.

Democracia e medo

O Bloco Egípcio, a principal coligação liberal, obteve apenas 13,35 por cento dos votos, foi considerado pela generalidade dos analistas como o grande derrotado da primeira volta. Nas ruas, as reações populares aos resultados eleitorais são mistas.

“Há quem lance um apelo a todas as pessoas para que votem noutros partidos, uma vez que os movimentos islâmicos atualmente já têm a maioria. E há quem diga que como estes ganharam, agora é preciso fazer pressão. Mesmo que não se saiba se as eleições, com estes vencedores, irão conduzir a um sistema democrático, foram eles que ganharam. Mas é claro que há o receio de que eles não imponham a democracia”, disse um eleitor egípcio entrevistado pela Deutsche Welle, no Cairo.

Os resultados alcançados pelos movimentos islâmicos na primeira volta geram receios sobre o futuro da revolução egípcia. “Já como no tempo de Mubarak, as pessoas parecem ter medo da democracia. Todos têm de entender que a democracia requer um consenso nacional, com diálogo e sem troca de acusações infundadas”, afirmou Essam al-Erian, vice-presidente do Partido da Liberdade e da Justiça.

Al-Erian assegura que o seu partido tem vontade política de “colaborar com todos para concluir o processo de transição democrática, eleger um novo Parlamento, um presidente civil e criar uma Constituição que torne realidade todos os sonhos de democracia.”

Mulheres egípcias é o grupo que mais esperanças deposita na abertura do regime na era pós-Mubarak
Mulheres egípcias é o grupo que mais esperanças deposita na abertura do regime na era pós-MubarakFoto: dapd

Promessas dos islamistas

Na segunda volta, o duelo eleitoral deverá centrar-se na Irmandade Muçulmana e os salafistas do Al-Nour.

A Irmandade Muçulmana, reprimida durante o regime de Hosni Mubarak, defende o sistema parlamentar e a limitação dos poderes presidenciais.

Os salafistas querem a aplicação rigorosa das leis islâmicas e sustentam que é Deus e não o Homem quem decide o que está certo ou errado.

Faltam ainda duas etapas da votação em 18 das 27 províncias egípcias. A comissão eleitoral só anunciará o número de lugares atribuídos a cada lista depois de 10 de janeiro, quando terminarem as eleições para a Assembleia do Povo em todo o país.

O ciclo eleitoral continua, entre 29 de janeiro e 11 de março, com a eleição da Shura, a Câmara Alta.

Manifestantes egípcios na Praça Tahrir, centro nevrálgico da revolução egípcia, exigem o poder nas mãos dos civis e a demissão do diretório militar que governa o país
Manifestantes egípcios na Praça Tahrir, centro nevrálgico da revolução egípcia, exigem o poder nas mãos dos civis e a demissão do diretório militar que governa o paísFoto: dapd

Autor: Madalena Sampaio
Edição: Pedro Varanda de Castro/António Rocha