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Detenções "mancham" visita de João Lourenço a Cabinda

Simão Lelo
22 de abril de 2022

O Presidente angolano iniciou quinta-feira uma visita de três dias a Cabinda. A chegada de João Lourenço culminou em detenções de ativistas e dirigentes da CASA-CE no momento em que colocavam bandeiras na via pública.

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Foto: Simão Lelo/DW

A visita de João Lourenço a Cabinda chegou a estar agendada para agosto do ano passado, mas foi cancelada, sem serem divulgadas, na altura, as razões. Acontece agora, sob pressão de movimentos separatistas da região.

Militares nas ruas, restrições à circulação, com perímetro de segurança alargado, mas também detenções, denunciam a presença do chefe de Estado na província.

Segundo o secretário executivo da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) em Cabinda, Daniel Nguimbi, nove pessoas foram detidas, entre ativistas e dirigentes da coligação, na noite de quarta-feira (19.04). Nguimbi acusa a Polícia Nacional de violar a lei.

O grupo de ativistas e alguns dirigentes da CASA-CE colocavam algumas bandeiras na via pública, visando a visita do presidente da Coligação a Cabinda. A polícia reteve estes elementos e removeu as bandeiras já fixadas.

João Lourenço chegou ontem (21.04) a Cabinda para uma visita oficial de três dias
João Lourenço chegou ontem (21.04) a Cabinda para uma visita oficial de três diasFoto: Simão Lelo/DW

"São situações da ditadura"

O secretário nacional para a Mobilização da CASA-CE, Nadilson Paim, explica que os membros da coligação pediram à Polícia Nacional que apresentassem um mandado de captura, mas tal não aconteceu.

”No momento, eles pediram aos polícias para que mostrassem qual é a lei que diz que um partido quando coloca a sua bandeira e outro partido já não pode, daí, eles compreenderam com arrogância essa réplica", conta.

Paim afima que as detenções estão a manchar a visita do Presidente da República. ”Pode de algum modo manchar a estadia do Presidente aqui,. Pnto, denunciamos e apelamos às autoridades competentes de modo a restituir a liberdade dos nossos cidadãos que nunca deviam ter sido detidos, por se tratar de um direito fundamental", apela.

O ativista Maurício Ngimbi não tem dúvidas: "São situações da ditadura".

No sábado, o Presidente de Angola preside a um comício que marca o lançamento da pré-campanha eleitoral
No sábado, o Presidente de Angola preside a um comício que marca o lançamento da pré-campanha eleitoralFoto: Simão Lelo/DW

Colocar bandeiras não é crime

Numa nota de repúdio publicada, a CASA-CE sublinha não se tratar de crime, nem violação de normas administrativas, a colocação, na via pública, de bandeiras de partidos ou coligação de partidos políticos, em período de pré-campanha eleitoral.

Em declarações à DW África, a polícia local – que não aceitou gravar entrevista -, alega que as detenções aconteceram por prevenção, como forma de evitar confrontos entre militantes das diferentes formações políticas. E prometeu a libertação dos detidos "a qualquer momento".

Para esta sexta-feira (22.04) está prevista a inauguração, pelo Presidente da República, do Terminal Marítimo de Passageiros. João Lourenço deverá ainda deslocar-se ao campo de Malongo para visitar a construção de uma plataforma petrolífera.

Já no sábado (23.04), o também presidente do MPLA, o partido no poder em Angola, preside a um comício em Cabinda que marca o lançamento da pré-campanha eleitoral.