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Campanha eleitoral agitada: Nova greve na Guiné-Bissau

Iancuba Dansó (Bissau)
15 de maio de 2023

Ao terceiro dia da campanha, começou uma greve de cinco dias na educação e na saúde. Sindicatos exigem ao Governo o pagamento de salários em atraso e subsídios. Mas a paralisação nos hospitais e escolas não foi total.

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Unidade de Cuidados Intensivos nos serviços de pediatria do Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau
Foto: I. Dansó/DW

Nas primeiras horas desta segunda-feira (15.05), a adesão à greve era notória, principalmente nos serviços de pediatria do Hospital Nacional Simão Mendes (HNSM), o maior da Guiné-Bissau. Só os chamados "casos graves" eram atendidos. Mas algumas horas depois, tudo parecia ter voltado à normalidade, com os pacientes em diversos serviços do hospital a serem atendidos.

"Quando cheguei aqui é que soube que há greve, porque as pessoas estão a falar dela. Mas não vi nenhum estrangulamento", contou um acompanhante em entrevista à DW África.

Nos principais liceus do país, os professores deram aulas. Nas salas, notava-se sobretudo a ausência de alunos. Muitos deles decidiram "fugir" para o ensino privado no início do presente ano letivo, devido às greves constantes nas escolas públicas. 

"Traição"

Ioio João Correia, porta-voz da Frente Social dos sindicatos dos professores e dos técnicos de saúde, que convocou a greve, diz que se sentem traídos por alguns associados, que decidiram ir trabalhar no dia da greve.

"Isso aconteceu na luta de Libertação Nacional, há sempre traidores. Mas a verdade ganha sempre, e nós, que estamos interessados na mudança da Guiné-Bissau, temos de fazer a nossa luta", afirmou.

Liceu Agostinho Neto, em Bissau
Greve na educação e saúde foi parcial. Sindicatos falam em "traição"Foto: I. Dansó/DW

Entre os pontos no caderno de reivindicações da Frente Social estão a readmissão de mais de mil técnicos de saúde "despedidos" pelo Governo guineense, em 2022, o pagamento de salários em atraso e subsídios, e as "efetivações" dos funcionários.

"Temos técnicos de saúde de 2014/2015 que até agora não são efetivados. Na educação, temos novos ingressos 2019/2020 e 2020/2021, que também não são efetivados," enumerou Correia.

O sociólogo Sambite Santos Cabi alerta para a necessidade de se chegar a um consenso.

"Considero [a greve] uma questão estrutural, que não depende só de um lado, porque há coisas que o Governo deve assumir enquanto entidade administrativa e também há coisas que os sindicatos devem fazer enquanto beneficiários do sistema", avalia o analista. "Neste caso, o Governo deve criar condições para que todos os profissionais de saúde [e da educação] se sintam motivados, enquanto os sindicatos devem propor ao Governo soluções que não tragam desconfianças," pondera.

Nova greve na próxima semana

A situação poderá agudizar-se na próxima semana. A União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG) anunciou esta segunda-feira uma greve geral na Função Pública guineense, entre 22 e 24 de maio. 

O sociólogo Sambite Santos Cabi diz que, para evitar a situação, terá de haver um "diálogo sério entre o Governo e os sindicatos. E os sindicatos devem ser capazes de convencer o Governo sobre a fiabilidade das propostas constantes do caderno reivindicativo". 

A greve nos setores da educação e da saúde começou no terceiro dia da campanha eleitoral para as eleições legislativas de 4 de junho.

Qual é o impacto das greves na Guiné-Bissau?