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Ataques no norte: Obiang pede unidade à CPLP

Lusa
5 de maio de 2021

Presidente da Guiné Equatorial disse hoje que comunidade lusófona não pode continuar alheia à situação na província moçambicana de Cabo Delgado, sublinhando que uma "família de irmãos" deve regular-se pela solidariedade.

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Teodoro Obiang, Präsident Äquatorialguinea
Teodoro ObiangFoto: picture-alliance/Zumapress/C. Mahjoub

"A nossa organização não deve permanecer alheia a esta tragédia que ultrapassa a dimensão de simples conflito interno", disse Teodoro Obiang, assinalando que Moçambique está a ser palco de "agressões perpetradas, programadas e financiadas a partir do exterior" que estão a "ceifar vidas humanas", provocando deslocações de pessoas, destruição de bens públicos e privados e "semeando o terror".

O chefe de Estado da Guiné Equatorial falava hoje na sessão de abertura da primeira cimeira de negócios da Confederação Empresarial da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP), que reúne no centro de conferências de Simpopo, na ilha de Bioko, cerca de 250 empresários, além de delegações oficiais de vários países lusófonos até sexta-feira (07.05).

Teodoro Obiang assinalou, neste contexto, que "os problemas comuns devem ser enfrentados em unidade".

"A CPLP deve tomar boa nota: uma família de irmãos deve ser regulada pelos princípios de equidade e solidariedade", disse.

O chefe de Estado equato-guineense falou à plateia de empresários por videoconferência, pedindo desculpas pela impossibilidade de estar fisicamente presente no centro de conferências, justificando a ausência com "questões de última hora" relacionadas com a pandemia de Covid-19.Foco nos negócios

Foco nos negócios

Num discurso lido em português, Teodoro Obiang alertou ainda para a "ameaça séria" da crescente atividade de pirataria no Golfo da Guiné, que, considerou, afeta 90% do comércio e coloca em causa a "própria existência" de países como a Guiné Equatorial.

"Este assunto requer a atenção da comunidade internacional e uma reflexão que nos permita unir esforços para a erradicação deste fenómeno", afirmou.

Mobilidade é "crucial", defende presidente da CPLP

Assinalando que a realização da cimeira coincide com a aprovação de um novo programa de integração da Guiné Equatorial na CPLP, no qual foi consagrada a vertente económica, sublinhou as oportunidades que o seu país oferece no domínio da energia, pescas, agricultura, indústrias transformadoras, turismo, transportes ou formação. 

"São vastas as áreas de intervenção para os nossos parceiros económicos", disse, considerando que a "estabilidade política" converte a Guiné Equatorial "num país propício para o investimento estrangeiro".

Aos empresários, prometeu "maior abertura" do mercado, "melhoria contínua" do ambiente de negócios e criação de melhores condições para as empresas.

Apontou que o país "acabou de ratificar" o acordo para a criação da zona de livre comércio africano, considerando que "abre novas perspetivas e vantagens para as empresas operarem a partir da Guiné Equatorial".

Anunciou, neste sentido, ter proposto à CE-CPLP a construção de uma zona industrial em Bata, na parte continental do país, "com grandes oportunidades de negócios" para o estabelecimento de parcerias com as empresas da Guiné Equatorial.

"Disponibilizaremos terrenos e facilidades administrativas e fiscais para este projeto. Queremos que as empresas da nossa comunidade se instalem na Guiné Equatorial e contribuam para o crescimento e desenvolvimento económico e social que vão tornar esta comunidade mais forte e competitiva", disse.

No discurso, Teodoro Obiang afirmou também "a determinação, firmeza e fidelidade" aos objetivos e princípios da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

"Juntos somos mais fortes, vamos avançar e libertar os nossos povos da fome e da miséria a que se encontram votados", disse.

Antiga colónia espanhola, a Guiné Equatorial aderiu à CPLP em 2014, mediante o cumprimento de um roteiro que prevê, entre outros aspetos, a abolição da pena de morte - compromisso que ainda não foi cumprido - e a generalização do uso da língua portuguesa.