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Zelenski: "Se Ucrânia ficar sozinha, Rússia nos destrói"

17 de fevereiro de 2024

Em Munique, presidente ucraniano faz apelo a Ocidente para não abandonar seu país e lamenta escassez "artificial" de armas. Declarações vêm após russos tomarem cidade estratégica e pacote de ajuda dos EUA seguir incerto.

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 Volodimir Zelenski na Conferência de Segurança de Munique
"Não tenhamos medo da derrota de Putin e da destruição do seu regime. Em vez disso, vamos trabalhar juntos para destruir o que ele representa", exortou Zelenski em MuniqueFoto: TOBIAS SCHWARZ/AFP/Getty Images

Em discurso na Conferência de Segurança de Munique, neste sábado (17/02), o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, fez um apelo por mais apoio ocidental, afirmando que seu país sofre com um "déficit artificial" no fornecimento de armas, que, só viria beneficiando o regime do russo Vladimir Putin, que trava há quase dois anos uma guerra de agressão contra os ucranianos.

"Infelizmente, manter a Ucrânia num déficit artificial de armas, particularmente num déficit de artilharia e capacidades de longo alcance, permite a Putin adaptar-se à atual intensidade da guerra", disse Zelenski,

Posteriormente, numa entrevista pública conduzida pela jornalista Christiane Amanpour, da rede CNN, Zelenski foi mais direto em seu apelo para que o Ocidente continue a apoiá-lo: "se a Ucrânia ficar sozinha, a Rússia vai nos destruir", disse, acrescentando que as próximas vítimas serão os países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) e a Polônia.

Momento delicado para a Ucrânia

A CSM é um fórum que reúne anualmente líderes mundiais na capital bávara para discutir temas de defesa e geopolítica, sendo conhecido como "Davos da Defesa". A atual participação de Zelenski ocorre num momento particularmente delicado para os ucranianos: neste sábado, as forças militares ucranianas confirmaram ter abandonado a cidade de Avdiivka, no leste.

A retirada marca a maior vitória militar do regime de Vladimir Putin em quase um ano. A cidade, agora sob ocupação dos invasores russos, é considerada estratégica por Moscou para completar a conquista da região ucraniana de Donetsk. Segundo os militares ucranianos, a retirada das tropas de Kiev, que teve início na sexta-feira, foi necessária para evitar um cerco total pelas forças russas.

Paralelamente, a Ucrânia vem sofrendo escassez de material militar e tem sido assombrada por dúvidas quanto à continuidade do apoio ocidental à sua campanha de defesa contra a invasão russa.

No momento, um novo pacote de ajuda de US$ 60 bilhões prometido pelo governo dos Estados Unidos segue incerto, devido à resistência da oposição republicana na Câmara dos Representantes.

Já a Europa admitiu em janeiro que não vai conseguir cumprir inteiramente a promessa de enviar 1 milhão de cartuchos de artilharia para a Ucrânia até março. Um diplomata da Otan descreveu em entrevista ao jornal britânico Financial Times, em fevereiro, a situação das tropas ucranianas como "desesperadora" pela falta de munições e "muito pior" do que o que vem sendo divulgado.

Em Munique, Zelenski enfatizou que "quanto mais durar esta agressão russa contra a ordem mundial baseada em regras, maiores serão as mudanças que ela vai provocar".

"A Rússia tem apenas uma vantagem militar específica neste momento, ou seja: a completa desvalorização da vida humana. Os constantes 'ataques de bucha de canhão' russos são um exemplo disso. [...] Destruir a fonte das guerras e da desestabilização é a nossa principal tarefa", disse o líder ucraniano.

"Então, por favor, não tenhamos medo da derrota de Putin e da destruição do seu regime. Em vez disso, vamos trabalhar juntos para destruir o que ele representa. É o seu destino perder, e não o destino da ordem mundial baseada em regras desaparecer. ​Se não derrotarmos Putin agora, não importará quem é o presidente da Rússia. Porque cada novo ditador russo se lembrará de como manter o poder anexando as terras de outros povos, matando opositores e destruindo a ordem mundial. Se isso acontecer, a Europa, a Ásia Central e o mundo inteiro se tornarão um lugar muito sombrio."

Com Trump na linha de frente da Ucrânia?

Ainda em Munique, Zelenski evitou fazer críticas diretas aos políticos dos EUA que vêm bloqueando o pacote de ajuda ao seu país. Questionado por Christiane Amanpour, da CNN, o que ele diria aos republicanos que estão bloqueando o pacote, disse: "isso está sendo transmitido na televisão agora?". Em seguida, afirmou que preferia não comentar sobre o assunto e, em vez disso, lembrou sobre o apoio que os EUA já forneceram a Kiev.

Indagado sobre como pretende reagir a uma possível volta do republicano Donald Trump ao governo dos Estados Unidos, Zelenski também evitou fazer críticas. Nos últimos dias, o ex-presidente americano foi alvo de repúdio por parte de diversos países, ao afirmar que encorajaria a Rússia a atacar países-membros da Otan que, segundo ele, estão "inadimplentes" com a aliança.

Durante seu governo, Trump também foi acusado de chantagear o governo Zelenski para forçar Kiev a investigar o filho do atual presidente dos EUA, o democrata Joe Biden. Neste sábado, Zelenki se limitou a afirmar que convidaria Trump a visitar a Ucrânia: "estou pronto para ir com ele para a linha de frente."

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