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Scholz na CSM: Europa precisa reforçar capacidade de defesa

17 de fevereiro de 2024

Em Munique, chanceler federal alemão manda recados para Donald Trump, destacando compromisso da Alemanha em aumentar gastos com defesa e apontando que relativização da cláusula de defesa mútua da Otan só beneficia Putin.

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Olaf Scholz na MSC de Munique
"Sabemos que uma vitória da Rússia significaria o fim da Ucrânia como um Estado democrático livre e independente", disse Scholz em MuniqueFoto: Johannes Simon/Getty Images

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, mandou neste sábado (17/02) uma série de recados indiretos para o pré-candidato americano Donald Trump, afirmando que "qualquer relativização da cláusula de defesa mútua da Otan só beneficia aqueles que, como [o presidente russo Vladimir] Putin, querem nos enfraquecer".

Falando na Conferência de Segurança de Munique (CSM), Scholz estava claramente reagindo aos comentários recentes pelo ex-presidente americano, afirmando ser contra os Estados Unidos protegerem membros da aliança militar que estejam "inadimplentes", ou seja, que não investem 2% do seu PIB em defesa.  Nos últimos dias, as falas de Trump também causaram repúdio entre as lideranças de vários países-membros da Otan, que o acusaram de tentar sabotar a credibilidade da aliança.

Em Munique, Scholz destacou o compromisso da Alemanha de atingir a marca de gastos, que deve ser cumprida ainda em 2024. "A Alemanha vai investir 2% do seu PIB em defesa neste ano e nos próximos anos, tanto na década de 2020 quanto na de 2030 e além. Nós devemos fazer mais para que o nosso poder de dissuasão seja adequado para o futuro."

As declarações de Scholz foram feitas durante o fórum que reúne anualmente líderes mundiais na capital bávara para discutir temas de defesa e geopolítica, no encontro conhecido como "Davos da Defesa".

Trump, que no momento é pré-candidato à Presidência dos Estados Unidos e aparece como favorito em algumas pesquisas, não está entre os participantes, mas tem sido visto como uma espécie de "elefante na sala" da conferência, um tema que assombrou várias discussões ao longo do encontro.

Scholz evitou citar diretamente o ex-presidente americano. Num discurso, ele preferiu afirmar que os europeus precisam por conta própria fazer mais pela sua capacidade de defesa: "Independente de como termine a guerra da Rússia na Ucrânia, e também do resultado das eleições em ambos os lados do Atlântico, uma coisa é absolutamente clara: nós, europeus, precisamos fazer muito mais pela nossa segurança agora e no futuro", reforçou o chefe de governo alemão.

Guerra na Ucrânia

Scholz também abordou a guerra na Ucrânia, destacando a ajuda que a Alemanha tem fornecido a Kieve advertindo sobre os riscos de uma vitória da Rússia. Nessas falas, Scholz também sinalizou que os europeus precisam buscar fortalecer sua capacidade de defesa.

"Sabemos o que uma vitória da Rússia significaria para a Ucrânia: o fim da Ucrânia como um Estado democrático livre e independente, a destruição da ordem pacífica da Europa, o maior desafio da Carta das Nações Unidas desde 1945 e, por fim, um incentivo para todos os autocratas mundo afora usarem força para solucionar conflitos."

"A ameaça partindo da Rússia é real. É por isso que as nossas capacidades de dissuasão e de defesa têm que ser críveis e permanecer críveis. Ao mesmo tempo, não queremos um conflito entre a Rússia e a Otan, e, por essa razão, todos os países que apoiam a Ucrânia estão de acordo, desde o início da guerra, de que não enviaremos as nossas próprias tropas à Ucrânia."

"No entanto, Putin e o establishment militar de Moscou não devem ter dúvidas de que nós, a aliança militar mais forte do mundo, somos capazes de defender cada metro quadrado do nosso território aliado. E para isso é importante reforçarmos ainda mais o pilar europeu na Otan, também na esfera da dissuasão."

Ainda sobre o conflito, Scholz afirmou que a "Rússia não alcançou nenhum dos seus objetivos de guerra" na Ucrânia. No entanto, apesar das "enormes perdas", "partes significativas das forças armadas russas permanecem intactas", admitiu o social-democrata alemão.

Por fim, Scholz levantou a questão das críticas sobre a ajuda militar e financeira enviada por Berlim a Kiev: "Há vozes críticas na Alemanha que perguntam: 'Não deveríamos gastar o dinheiro para outros fins?' Sim. O dinheiro que gastamos na nossa segurança agora e no futuro faz falta noutros lugares. Sentimos isso. Mas também digo: sem segurança, não há garantia para o resto."