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"Todos sabem quem são os responsáveis por essa guerra"

1 de junho de 2022

Em entrevista à DW, procuradora-geral da Ucrânia destaca a importância da punição de Putin para evitar que conflitos como o atual voltem a se repetir, e salienta que os ucranianos lutam por justiça.

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Procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova
Procuradora-geral ucraniana Iryna Venediktova participou de evento em HaiaFoto: Ramon van Flymen/ANP/picture alliance

A procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova, defendeu a punição do presidente russo, Vladimir Putin, e seus ministros pela guerra pelas atrocidades que estão sendo cometidas na Ucrânia, a fim de evitar que conflitos e invasões como os enfrentados por seu país se repitam. Em entrevista à DW, a jurista ressalta que seria um processo simples vincular os crimes cometidos em território ucraniano ao Kremlin.

"Temos agora uma guerra enorme, agressiva e brutal na Ucrânia. Talvez não seja a hora de somente parar essa guerra, somente punir os responsáveis, mas de prevenir que situações como essa voltem a se repetir no futuro. Porque se falamos de imunidades, entende-se que essas pessoas estarão prontas para fazer o mesmo no futuro", afirmou Venediktova à DW nesta terça-feira (31/05) após participar de um evento em Haia.

Venediktova e sua equipe preparam atualmente centenas de acusações por crimes de guerra cometidos por militares russos na Ucrânia e investigam outros milhares de denúncias.

A procuradora afirmou que, em três meses de guerra, mais de 5 mil civis foram mortos e 6 mil ficaram feridos. No entanto, esses números não incluem as vítimas das regiões de Lugansk e Donetsk e dos territórios atualmente ocupados por tropas russas.

"Todos sabemos quem são os responsáveis por essa guerra e por essas mortes. O presidente da Rússia e seu gabinete, de fato, iniciaram essa guerra, começaram a matar civis, estuprar e torturar civis. Todas essas atrocidades que agora temos na Ucrânia", destacou.

Punição dos responsáveis

Na entrevista, Venediktova salientou que o objetivo principal de seu trabalho é a punição dos responsáveis pela guerra. Ela contou que os procuradores trabalham há três meses sem pausa para documentar as atrocidades e recolher provas para os inquéritos.

Segundo a procuradora, embora Kiev tenha conseguido identificar centenas de suspeitos em várias regiões do país, a Ucrânia ainda não está processando Putin e seus ministros, pois eles possuem imunidade enquanto estiverem ocupando os atuais cargos.

Ao ser questionada sobre a possibilidade de Putin e funcionários russos do alto escalão serem processados, devido à Rússia não atender a pedidos de extradição e não fazer parte do Tribunal Penal Internacional (TPI), Venediktova afirmou que seria um processo simples vincular os crimes cometidos em território ucraniano ao Kremlin.

"Quando falamos de crimes de guerra e contra a humanidade, falamos de responsabilidade comum. Quando soldados cometem atrocidades e seu chefe ou comandante tem conhecimento, significa que ele tem responsabilidade comum por isso", acrescentou.

Apoio internacional

A procuradora agradeceu ainda o apoio da comunidade internacional nas investigações. Segundo ela, esse auxílio é fundamental para dar credibilidade e sentido de imparcialidade aos inquéritos, além de reforçar a equipe local.

"Se falo de atrocidades é uma coisa, pois sou promotora ucraniana. Mas se você fala com a equipe francesa que esteve em Bucha ou com a equipe lituana, trata-se de cidadãos de outros países que viram os fatos e estão fazendo esse trabalho."

Venediktova conta que cada caso é uma tragédia individual e alguns ficaram gravados em sua memória. "É impossível esquecer. É impossível perdoar. Basta falanr dos civis que tentavam deixar Kiev, em carros com animais de estimação e crianças, escrito com letras enormes 'Crianças no carro', e eles foram alvejados mesmo assim".

À DW, a procuradora também destacou que os ucranianos lutam no momento por justiça e para ter a liberdade de viver como escolheram: "Para nós, é muito importante vencer. Vencer na frente militar, na frente judicial e na frente diplomática."

cn/av (DW)