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Soldado russo é condenado à prisão perpétua por matar civil

23 de maio de 2022

Vadim Shishimarin, de 21 anos, foi o primeiro militar russo a responder em um tribunal da Ucrânia por crimes de guerra desde a invasão do país. Ele se declarou culpado pela morte de um civil de 62 anos desarmado.

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Julgamento do militar russo Vadim Shishimarin, em Kiev
Durante o julgamento em Kiev, Vadim Shishimarin se declarou culpado e pediu desculpas à viúva da vítimaFoto: Natacha Pisarenko/AP Photo/picture alliance

No primeiro julgamento de crimes de guerra desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, um tribunal ucraniano condenou nesta segunda-feira (23/05) um soldado russo à prisão perpétua por matar um civil desarmado.

Durante o julgamento, em Kiev, o sargento Vadim Shishimarin, de 21 anos, se declarou culpado pela morte de um homem de 62 anos em 28 de fevereiro, apenas quatro dias após o início da invasão da Ucrânia pela Rússia. O militar também pediu perdão à viúva da vítima e disse que disparou sob ordens de dois oficiais superiores. 

"O tribunal concluiu que Shishimarin é culpado e o sentencia à prisão perpétua", declarou o juiz Sergiy Agafonov. 

O juiz afirmou que, ao cumprir uma "ordem criminosa" de um militar de patente mais alta, Shishimarin disparou vários tiros contra a cabeça da vítima com uma arma automática.

"Considerando que o crime cometido é um crime contra a paz, segurança, humanidade e a ordem legal internacional, o tribunal não vê a possibilidade de impor uma sentença de prisão a Shishimarin por um período determinado", disse.

Em silêncio, sentado dentro de uma câmara de vidro reforçado no tribunal, o soldado russo não demonstrou emoção alguma ao escutar o veredicto.

O crime

De acordo com a acusação, Shishimarin comandava uma pequena unidade dentro de uma divisão de tanques. Ele teria atirado da janela de um carro roubado, com um fuzil Kalashnikov, enquanto fugia com outros quatro soldados a bordo de um veículo.

"O homem de 62 anos morreu no local, a apenas algumas dezenas de metros de sua casa", disse um comunicado do gabinete da procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova. 

Shishimarin e os outros soldados fugiam em um carro após sua caravana de tanques ter sido atacada na região de Sumy, no norte da Ucrânia. O civil de 62 anos empurrava uma bicicleta perto de sua casa, no vilarejo de Chupakhivka, e teria testemunhado o roubo do automóvel.

No início de maio, as autoridades ucranianas anunciaram a detenção do sargento russo, divulgando um vídeo em que Shishimarin, natural da região siberiana de Irkutsk, no leste da Rússia, dizia ter ido lutar na Ucrânia para "apoiar financeiramente a mãe".

Crimes de guerra

O julgamento tem um enorme significado simbólico para a Ucrânia, que acusou a Rússia de atrocidades e brutalidade contra civis durante a invasão e disse ter identificado mais de 10 mil possíveis crimes de guerra. A Rússia, por sua vez, nega ter mirado civis ou se envolvido em crimes de guerra.

O Kremlin não comentou imediatamente o veredicto contra Shishimarin, mas disse anteriormente não ter informações sobre o julgamento.

A procuradora-geral da Ucrânia disse na semana passada que seu gabinete prepara casos contra 41 soldados russos por crimes de guerra, que incluem bombardear infraestrutura civil, matar civis, estupros e saques. Não está claro quantos dos suspeitos estão sob poder dos ucranianos e quantos seriam julgados à revelia.

Na última terça-feira, o Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou o envio de uma equipe de 42 especialistas à Ucrânia para investigar possíveis crimes cometidos pelas tropas russas desde o início da invasão ao país, em 24 de fevereiro. Dias antes, o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução para iniciar uma investigação sobre possíveis crimes de guerra cometidos pela Rússia na Ucrânia. 

lf/cn (Reuters, AFP)