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Moro libera trecho da delação de Palocci

1 de outubro de 2018

Ex-ministro afirma ter participado de uma reunião com Lula, Dilma e então chefe da Petrobras para acertar propina para a campanha petista de 2010. Ex-presidentes dizem que Palocci mente.

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Antonio Palocci
Em troca da delação, Palocci terá a pena reduzida em dois terços, além de pagar uma multa de 35 milhões de reaisFoto: Reuters/U. Marcelino

O juiz federal Sergio Moro levantou o sigilo de parte da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci nesta segunda-feira (1º/10), afirmando não haver risco às investigações com a liberação.

No trecho liberado, Palocci "detalha como se dava o loteamento de cargos, especificamente na Petrobras, para fins de arrecadação de recursos financiamento de campanha", diz o documento.

Entre vários outros pontos, o ex-ministro afirma que participou de uma reunião, no início de 2010, na biblioteca do Palácio do Alvorada, com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a então candidata à Presidência Dilma Rousseff, e o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.

Segundo o relato, na reunião Lula "foi expresso ao solicitar do então presidente da Petrobras que encomendasse a construção de 40 sondas para garantir o futuro político do país e do Partido dos Trabalhadores com a eleição de Dilma Rousseff, produzindo-se os navios para exploração do pré-sal e recursos para a campanha que se aproximava".

Lula teria encarregado Palocci de gerenciar a propina a ser gerada desse negócio, que deveria ser usada na campanha de Dilma para a Presidência da República, relatou o delator.

Palocci ainda afirma que as campanhas do PT à Presidência de 2010 e 2014 custaram R$ 600 milhões e R$ 800 milhões, respectivamente, valores bem superiores aos declarados pelo partido à Justiça Eleitoral.

Além disso, disse que Lula tinha conhecimento de casos de corrupção na Petrobras ao menos desde 2007, quando teria chamado Palocci para comunicá-lo de que estava ciente de crimes na empresa. Lula teria se mostrado irritado e surpreso diante de Palocci, o que, segundo o delator, era um "comportamento comum do ex-presidente para testar os interlocutores sobre seu grau de conhecimento e o impacto de sua negativa".

Segundo Palocci, apesar do diálogo, Lula não tomou medidas posteriores para tirar os diretores mencionados por ele dos cargos ocupados.

Em troca da sua colaboração, Palocci, que já foi condenado a 12 anos e 2 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, terá a pena reduzida em dois terços, além de pagar uma multa de 35 milhões de reais.

Em nota, a defesa de Lula afirmou que a decisão de Moro de levantar o sigilo demonstra o caráter político do processo e destaca que a delação foi recusada pelo Ministério Público.  O advogado Cristiano Zanin Martins disse ainda que Palocci mentiu para obter benefícios, como a redução da pena.

"Moro juntou ao processo, por iniciativa própria ('de ofício'), depoimento prestado por Palocci na condição de delator com o nítido objetivo de tentar causar efeitos políticos para Lula e seus aliados, até porque o próprio juiz reconhece que não poderá levar tal depoimento em consideração no julgamento da ação penal", afirmou Martins.

Em nota, Dilma também ressaltou que a delação foi rejeitada. "É estarrecedor, portanto, que uma delação não aceita pelo Ministério Público, e suspensa por um juiz de segunda instância, seja acolhida e tenha tido seu sigilo quebrado por um juiz de primeira instância. Sobretudo, neste momento em que o povo brasileiro se prepara para eleger o presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais".

A ex-presidente afirmou ainda que o ex-ministro está mentido para tentar conseguir algum benefício junto a Justiça. "Trata-se de um valor absolutamente falso. Apenas a hipótese de recursos tão vultosos não terem sido detectados evidencia o desespero de quem quer salvar a própria pele", acrescentou.

AS/lusa/ots

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