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ConflitosTerritório Ocupado da Palestina

Maior hospital de Gaza vive situação "catastrófica"

11 de novembro de 2023

ONU, organizações humanitárias e autoridades locais relatam condições dramáticas nos hospitais do enclave, alvo de intensos bombardeios. Sistema de saúde de Gaza atingiu "ponto sem retorno", alerta ONG.

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Hospital Al-Shifa em Gaza
Ministério da Saúde de Gaza diz que 39 bebês correm risco de morte em meio à falta de energia, oxigênio e medicamentosFoto: Khader Al Zanoun/AFP/Getty Images

Os combates em torno de hospitais na Faixa de Gaza, onde muitos civis palestinos buscam refúgio dos incessantes bombardeios, se intensificaram neste sábado (11/11), com o maior hospital do enclave vivendo uma situação "catastrófica", segundo organizações de direitos humanos.

O diretor do hospital Al-Shifa afirmou que o complexo foi atingido repetidas vezes durante a noite de sexta para sábado, e ficou sem energia durante horas após seu gerador ser atingido.

"Recebemos chamadas sobre dezenas de mortos e centenas de feridos em ataques aéreos e de artilharia, mas nossas ambulâncias não conseguiram sair por causa dos tiros", disse Mohammad Abu Salmiya, diretor do complexo hospitalar, o maior da Faixa de Gaza.

O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, território controlado pelo grupo fundamentalista islâmico Hamas desde 2007, confirmou que as operações no Al-Shifa foram suspensas após ficar sem energia.

"Como resultado, um bebê recém-nascido morreu dentro da incubadora, onde há 45 bebês", disse Ashraf Al-Qidra à agência de notícias Reuters, em entrevista por telefone. Em comunicado, o ministério acrescentou que 39 bebês correm risco de morte em meio à falta de energia, oxigênio e medicamentos.

"A situação é pior do que qualquer um pode imaginar. Estamos sitiados dentro do Complexo Médico Al-Shifa, e a ocupação tem como alvo a maioria dos edifícios internos", declarou o porta-voz.

Segundo Qidra, forças de Israel estão disparando contra pessoas que se deslocam para dentro do hospital, "o que limita nossa capacidade de passar de um departamento para outro". "Algumas pessoas tentaram deixar o hospital e foram alvejadas", afirmou.

"Sistema de saúde atingiu ponto sem retorno"

A agência humanitária Médicos Sem Fronteiras disse estar "extremamente preocupada" com a segurança dos pacientes e da equipe médica no hospital Al-Shifa.

"Nas últimas horas, os ataques contra o Hospital Al-Shifa intensificaram-se dramaticamente”, afirmou a organização em comunicado publicado na manhã deste sábado. "Nossa equipe do hospital relatou uma situação catastrófica lá dentro há apenas algumas horas."

Segundo as Nações Unidas, 20 dos 36 hospitais de Gaza "não estão mais funcionando".

O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, também alertou para a situação dramática do sistema de saúde de Gaza diante do Conselho de Segurança da ONU.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha ecoou os comentários: "Sobrecarregado, com recursos escassos e cada vez mais inseguro, o sistema de saúde em Gaza atingiu um ponto sem retorno."

Forças israelenses afirmam que o Hamas posicionou centros de comando e esconderijos sob o Al-Shifa e outros hospitais em Gaza, tornando-os alvos militares. Já o Hamas, considerado uma organização terrorista por Estados Unidos, Alemanha e outros países, nega usar civis como escudos humanos.

A ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza já matou mais de 11 mil pessoas no enclave, segundo autoridades locais, sendo a maioria civis e muitas crianças. Os ataques ocorrem em retaliação aos atentados terroristas cometidos pelo Hamas em cidades israelenses em 7 de outubro, que deixaram 1.200 mortos, a maioria também civis, e fizeram cerca de 240 reféns.

Apelos para que civis sejam poupados

O sofrimento e o alto número de mortos em Gaza suscitam apelos crescentes para que os combates sejam suspensos e as vidas de civis sejam poupadas no território densamente povoado, após cinco semanas de um conflito sangrento entre o Hamas e Israel.

O presidente da França, Emmanuel Macron, clamou ao governo israelense para que interrompa os bombardeios em Gaza, argumentando que eles não são "justificáveis".

Ele responsabilizou o Hamas por expor "palestinos às consequências terríveis" do conflito que desencadeou com Israel e frisou que o país tem direito a se defender, mas advertiu que "a armadilha do terrorismo é a mesma para todos nós: deixar a violência correr solta significa abrir mão dos nossos valores". "A guerra contra o terrorismo não é possível sem regras", afirmou o francês.

Macron também exigiu a libertação dos cerca de 240 reféns que o Hamas mantém em cativeiro, anunciou que elevará a ajuda à Palestina de 20 milhões para 100 milhões de euros (R$ 527 milhões) e manifestou seu apoio à solução de dois Estados para a paz na região.

A preocupação com o número de vítimas civis em Gaza também veio dos Estados Unidos, aliado firme de Israel, com o secretário de Estado americano, Antony Blinken, dizendo que "palestinos demais já foram mortos".

ek (Reuters, AFP)