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ConflitosOriente Médio

Israel anuncia cerco total à Cidade de Gaza

3 de novembro de 2023

Informação foi divulgada pelo porta-voz do exército israelense. Braço armado do Hamas afirmou que Gaza será "maldição" para Israel. Lideranças árabes e americanas buscam cessar-fogo por ajuda humanitária.

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Um grupo de soldados israelenses é visto de costas, marchando, em terra firme, no território da Faixa de Gaza.
Soldados israelenses durante operação no território da Faixa de GazaFoto: Israel Defense Forces/AP Photo/picture alliance

As Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram na noite desta quinta-feira (02/11) que cercaram completamente a Cidade de Gaza, enclave de onde partiram os ataques terroristas perpetrados pelo grupo terrorista islâmico Hamas no dia 7 de outubro e que deixaram mais de 1,4 mil mortos em território israelense.

"Os soldados concluíram o cerco à Cidade de Gaza, o centro da organização terrorista Hamas", declarou o porta-voz do exército israelense, Daniel Hagari.

Em resposta à declaração, o braço armado do Hamas, formado pelas Brigadas Ezzedine al-Qassam, disse que Gaza seria uma "maldição" para Israel e que seus soldados voltariam para casa "em sacos pretos".

Depois de quase quatro semanas de conflito, o número de mortos na Faixa de Gaza ultrapassou os 9 mil, sendo 3.760 crianças, de acordo com informações divulgadas por autoridades locais, ligadas ao Hamas.

A quantidade de crianças mortas no conflito Israel-Hamas é mais de seis vezes maior do que as 560 vítimas registradas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 19 meses de guerra na Ucrânia.

Líderes americanos e árabes, a exemplo de aliados americanos, como a Jordânia, aumentaram a pressão para que Israel alivie o cerco ao enclave.

Também nesta quinta, a Câmara dos Deputados dos EUA, controlada por parlamentares do Partido Republicano, aprovou um projeto de lei que concede 14,3 bilhões de dólares em ajuda a Israel. Mas parlamentares democratas, que controlam o Senado, já avisaram que o projeto não deve seguir adiante.

Blinken viaja ao Oriente Médio

Nesta sexta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, deve viajar a Israel e à Jordânia, após proposta do presidente Joe Biden para negociar uma "pausa" devido à crise humanitária na região.

O objetivo seria permitir a entrada de ajuda para palestinos e a retirada de mais estrangeiros e feridos – nos últimos dois dias, cerca de  800 pessoas deixaram o território da Faixa de Gaza.

Israel não respondeu imediatamente à sugestão de Biden. Mais cedo, porém, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, já havia indicado que não deve acatar pedidos de cessar-fogo no momento: "Estamos avançando. Nada vai nos deter", disse.

No último final de semana, Netanyahu afirmou que o conflito na Faixa de Gaza entrou em sua segunda fase com a expansão das operações militares por terra.

O objetivo, segundo o primeiro-ministro israelense, é destruir as capacidades militares e o controle que o Hamas exerce no território palestino, bem como resgatar os mais de 200 reféns sequestrados no início do mês.

Na Faixa de Gaza, pessoas se aglomeram em busca de mantimentos que são distribuídos a partir de um caminhão.
Líderes americanos e árabes tentam negociar trégua devido à crise humanitária na Faixa de GazaFoto: IBRAHEEM ABU MUSTAFA/REUTERS

Brasileiros tentam deixar Gaza

A Embaixada do Brasil na Palestina articula com autoridades egípcias e israelenses a repatriação de 34 pessoas que pediram ajuda para deixar Gaza, sendo 24 brasileiros e dez palestinos que querem migrar para o país. Desse total, 18 já estão na cidade de Rafah, na fronteira com o Egito, e 16 estão em Khan Yunis, distante dez quilômetros.

Mas, até o momento, os brasileiros seguem fora da lista de cidadãos estrangeiros ou com dupla nacionalidade autorizados a deixar a Faixa de Gaza pela passagem de fronteira com o Egito.

A passagem de Rafah, a única saída de Gaza não controlada por Tel Aviv, foi aberta pela primeira vez nesta quarta-feira, após um acordo firmado entre os governos de Egito e Israel, sob mediação do Catar e em coordenação com os EUA.

Com o Brasil ainda de fora, a segunda lista de países que podem retirar seus cidadãos inclui Azerbaijão, Bahrein, Bélgica, Coreia do Sul, Croácia, Estados Unidos, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Macedônia, México, Suíça, Sri Lanka e Chade.

Desde o início da guerra, aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), em operação coordenada com os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores, já retiraram 1.445 pessoas e 53 animais. Nesta quinta, mais um voo chegou ao país com 32 passageiros vindos da Cisjordânia.

A maioria das pessoas autorizadas a deixar o enclave palestino – um total de 400 nomes – é de americanos, após pressão pessoal de Biden. Na quarta, o democrata havia declarado que a passagem segura para a saída de feridos e estrangeiros foi garantida "graças à liderança americana".

Alemanha proíbe atividades ligadas ao Hamas

Também nesta quinta-feira, a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, anunciou a proibição de qualquer atividade vinculada ao Hamas, e baniu também uma rede palestina atuante no país chamada Samidoun que promoveu atos de comemoração do ataque do Hamas contra Israel no dia 7 de outubro.

A proibição de atividades relacionadas ao Hamas na Alemanha já havia sido anunciada pelo chanceler federal, Olaf Scholz, em 12 de outubro, e torna-se efetiva após a ordem desta quinta do Ministério do Interior. O Hamas é considerado uma organização terrorista pela União Europeia e por Alemanha, Estados Unidos e outros países.

A Samidoun é uma rede palestina que opera na Alemanha sob os nomes Hirak – Palestinian Youth Mobilization Jugendbewegung (Germany) e Hirak e.V. Segundo o Departamento Federal de Proteção da Constituição da Alemanha (BfV), ela é vinculada à organização radical palestina PFLP (Frente Popular para a Libertação da Palestina), que defende a luta armada contra Israel.

gb (AP, AFP, Reuters, ots)