Imprensa européia vê vitória de Lula como certa
4 de outubro de 2002As manchetes da imprensa européia vão de "Lula talvez venha a ser presidente na 4ª tentativa" (Reuters) a "Os brasileiros estão prontos para Lula" (die tageszeitung).
O nível do debate televisivo entre os quatro principais candidatos à Presidência do Brasil, na quinta-feira (03) foi elogiado. O jornal online BBC News classificou o debate "altamente estruturado" como "uma coisa educada", comparada à "gritaria" que caracterizava eventos do gênero, uma década atrás. A agência de notícias alemã epd fala de uma discussão objetiva, em que os candidatos da oposição concentraram seus ataques no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Ao traçar o perfil do candidato do Partido dos Trabalhadores, a ênfase está tanto em sua origem humilde como em sua tenacidade. Não deixa de ficar registrada a mudança de estilo, agora mais "manso" e elegante, desde a primeira candidatura, em 1989, até agora.
Terrorismo financeiro
Por outro lado, a dpa registra também o medo dos brasileiros conservadores de que um governo pelo PT represente o colapso da "nona maior economia do mundo".
Klaus Hart, do semanário online Jungle World, contrapõe a atual aceitação do candidato petista até pelas elites às tentativas de certos setores do establishment de "puxar o tapete" de Lula, em colaboração com o governo e através de "terrorismo financeiro": "Devido a ataques especulativos, o real caiu, pela primeira vez, abaixo do peso argentino, as cotações nas bolsas despencam, empresas transnacionais retiram seu capital. Os bancos, de acordo com as análises, compram e vendem somente dólares entre si, a fim de elevar a cotação de forma artificial", afirma Hart.
Jornalistas assassinados
Nesta sexta-feira (04), em Paris, a organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) apelou aos candidatos à presidência do Brasil para que combatam a impunidade dos assassinos de jornalistas. A RSF lembra que, apenas este ano, dois representantes da imprensa foram mortos, e desde 1991 este número chega a 15. A ONG Ela atribui a quase certeza de impunidade, nestes casos, à interdependência entre a polícia local e os políticos regionais. Por isso, os inquéritos deveriam ficar a cargo da polícia federal, exige a organização.