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EUA extraditam ex-guarda nazista à Alemanha

21 de agosto de 2018

Jakiv Palij, de 95 anos, conseguiu entrar em território americano mentindo às autoridades de imigração e viveu por mais de quatro décadas em Nova York até ser descoberto. É improvável que ele ainda enfrente um processo.

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Jakiv Palij, em foto de 2003, ano em que teve sua cidadania americana revogada
Jakiv Palij, em foto de 2003, ano em que teve sua cidadania americana revogadaFoto: picture-alliance/AP Photo/S. DeChillo

As autoridades americanas deportaram na manhã desta terça-feira (21/08) o ex-guarda de campo de concentração Jakiv Palij, de 95 anos, último criminoso de guerra nazista investigado nos Estados Unidos.

Segundo informações do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, Palij desembarcou num aeroporto de Düsseldorf, de onde foi levado para um asilo de idosos. A imprensa alemã trata como improvável que ele enfrente um processo judicial no país.

Palij viveu por décadas nos EUA, primeiramente como desenhista, depois como aposentado, até que, 25 anos atrás, uma investigação pela primeira vez o confrontou com seu papel na Segunda Guerra.

Em 1993, quando os investigadores do Departamento de Justiça bateram em sua porta em Nova York, ele admitiu ter entrado nos EUA com uma mentira: a de que passou a guerra trabalhando como agricultor e como operário numa fábrica.

"Eu nunca teria recebido um visto se tivesse contado a verdade. Tudo mundo mentiu", contou aos oficiais na ocasião, sobre sua chegada aos EUA.

KZ-Aufseher Jakiv Palij
Heinrich Himmler cumprimenta recém-recrutados no campo de Trawniki, em 1942Foto: picture-alliance/AP Photo

Sua presença nos Estados Unidos foi denunciada por um antigo colega de campo de concentração, após investigadores americanos encontrarem seu nome numa antiga escala de serviço nazista. 

Nascido em 1923 numa região que na época era leste da Polônia e hoje faz parte da Ucrânia, Palij entrou nos EUA em 1949, por Boston. Anos depois, conseguiu a cidadania americana.

A cidadania foi revogada em 2003 por um juiz americano, sob a justificativa de que ele "participou de atos contra civis judeus" como guarda do campo de concentração nazista de Trawniki, na Polônia ocupada.

Foi em Trawniki, em 3 de novembro de 1943, que seis mil homens, mulheres e crianças judias foram mortos a tiros, num dos maiores massacres do Holocausto.

Mas como Alemanha, Polônia e Ucrânia se recusaram a recebê-lo, ele continuou a viver tranquilamente, numa espécie de limbo, em sua casa no bairro do Queens ao lado da mulher, Maria, de 86 anos

Sua presença gerou indignação entre a comunidade judaica e atraiu frequentes protestos ao longo dos anos diante de sua casa.

A casa onde Jakiw Palij viveu por décadas em Nova York
A casa onde Jakiw Palij viveu por décadas em Nova YorkFoto: picture-alliance/AP Photo/K. Willens

Desde 2005, oito colaboradores nazistas com ordem de deportação morreram nos EUA, após serem rejeitados pela Alemanha e seus respectivos países de origem.

A Justiça alemã sustenta que só aceita ex-criminosos nazistas que possuam ou tenham possuído cidadania alemã ou enfrentem um processo no país.

Jakiv Palij não se enquadra em nenhum dos dois casos: nunca teve a cidadania alemã e, segundo o jornal Die Welt, a última investigação aberta contra ele, pela promotoria de Würzburg, não encontrou provas suficientes para indiciá-lo.

Sua deportação ocorre após semanas de negociações diplomáticas, tornadas uma prioridade pelo presidente americano, Donald Trump.

"Após extensas negociações, o presidente Trump e sua equipe garantiram a deportação de Palij para a Alemanha", informou a Casa Branca. As autoridades alemãs ainda não se manifestaram.

A deportação de Palij é a primeira de um criminoso de guerra nazista desde que, em 2009, a Alemanha aceitou receber John Demjanjuk, um aposentado de Ohio que também trabalhou como guarda nazista. Ele foi condenado em 2011 por ter colaborado para a morte 28 mil pessoas, e morreu dez meses depois, aos 91 anos, esperando decisão sobre seu recurso.

RPR/ap/ots

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