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SaúdeAustrália

Djokovic culpa agente por falhas em formulário de viagem

12 de janeiro de 2022

Tenista não informou autoridades da Austrália sobre viagens a outros países antes de ir a Melbourne. Ele admitiu não ter respeitado isolamento, mas evitou comentar sobre suspeita de ter forjado data de teste positivo

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Novak Djokovic durante treinamento em Melbourne
Djokovic treinou nesta quarta-feira em Melbourne: decisão do ministério da Imigração sobre o caso deve sair nesta quintaFoto: James Ross/AAP/dpa/picture alliance

O tenista sérvio Novak Djokovic admitiu nesta quarta-feira (12/01) que o formulário prévio de imigração para ingresso na Austrália foi preenchido por seu agente, que teria simplesmente marcado a resposta errada, e tratou o episódio como um equívoco "humano e administrativo".

Ele também classificou como um "erro de julgamento" o fato de não ter se isolado completamente quando estava infectado por covid-19, em dezembro. Na Sérvia, Djokovic assistiu um jogo de basquete e esteve presente em um evento com tenistas juvenis. Além disso, ele também concedeu uma entrevista dois dias após ter sido testado positivo para o coronavírus.

Em um post no Instagram, no entanto, Djokovic disse que se esforçou o máximo que pôde para garantir a segurança de todos e também as obrigações de ser testado.

"Sobre a questão da minha declaração de viagem, o documento foi apresentado pela minha equipe de apoio, em meu nome - tal qual eu disse aos funcionários da imigração na minha chegada -, e meu agente pede sinceras desculpas pelo erro administrativo de assinalar a alternativa incorreta sobre minha viagem anterior antes de vir para a Austrália", escreveu o atleta.

Ele não comentou nada, porém, sobre as denúncias feitas nesta terça-feira (11/01) pela revista alemã Der Spiegel, que publicou uma reportagem sobre possíveis irregularidades no seu teste de covid.

De acordo com a documentação repassada pela equipe jurídica do atleta, ele teria testado positivo para covid-19 no dia 16 de dezembro de 2021, o que permitiria o ingresso na Austrália mesmo sem a vacina.

Mas, de acordo com a Der Spiegel, vários indícios, sobretudo na versão digital do resultado do teste, apontam para manipulação. Dados digitais sugerem que o teste não é de 16 de dezembro. Nos resultados, há um carimbo de data e hora de 14h21min, horário da Sérvia, em 26 de dezembro.

Decisão pode ser adiada para quinta

A decisão sobre a permanência ou não de Djokovic na Austrália - e a sua consequente participação no Aberto da Austrália, do qual ele é nove vezes campeão - pode ser tomada ainda nesta quarta-feira. No entanto, é mais provável que o veredito seja divulgado nesta quinta (13/01).

O gabinete do ministro da Imigração, Cidadania, Serviços Migratórios e Relações Multiculturais da Austrália, Alex Hawke, publicou um comunicado no qual diz que os advogados de Djokovic entregaram uma série de documentos contra o potencial cancelamento do visto e deportação do atleta, e que "isso afeta o prazo de uma decisão".

O ministério também informou que uma análise minuciosa está sendo executada para se chegar a uma conclusão sobre o episódio.

Com um total de 20 títulos de Grand Slam na carreira, Novak Djokovic é o atual líder do ranking masculino de tênis. Sem saber se vai poder jogar o Aberto da Austrália, ele segue treinando. Depois de duas sessões a portas fechadas, nesta quarta ele fez um treino aberto na Rod Laver Arena, em Melbourne.

Relembre o caso

Ao chegar à Austrália, no dia 5 de janeiro, Djokovic assinalou no formulário de imigração que não havia viajado para outros países ao menos duas semanas antes de chegar. Mas posts em redes sociais indicam que ele teria se deslocado entre a Sérvia - onde testou positivo para covid em 16 de dezembro - e a Espanha, de onde voou para a Austrália.

No formulário de imigração australiano, consta que fornecer informações falsas é uma infração grave, passível de sanções civis, inclusive detenção. Em entrevista a autoridades locais, ele disse que quem preencheu o formulário de imigração foi o seu agente, baseado em uma isenção médica que teria sido aprovada pela Federação Australiana de Tênis.

Um dia após ter sido barrado no aeroporto e ter seu visto cancelado, Djokovic foi levado para um hotel junto a outros viajantes retidos na imigração australiana. Na Justiça, seus advogados obtiveram uma liminar que o autoriza a permanecer no país.

A Austrália tem uma política que não permite o ingresso de quem não é cidadão australiano ou não mora no país e que não esteja totalmente vacinado contra a covid-19. Isenções médicas - como a que Djokovic argumentou ter apresentado - são aceitas, mas o governo australiano disse que o tenista não forneceu justificativa adequada para tal isenção.

Se Djokovic tiver o visto cancelado pelas autoridades australianas, ele terá de deixar o país imediatamente e deverá ser proibido de entrar na Austrália pelos próximos três anos.

gb/reuters/ap/afp/ots