Dez grandes filmes alemães dos anos 1990
A última década do século teve "Lola", filme que ganhou projeção internacional, como maior expoente. Foi o período também em que foi lançado o polêmico "Buena Vista Social Club", de Wim Wenders.
Como viver na República Federal da Alemanha
Documentário de 1990 sobre a Alemanha, o filme de Harun Farocki deixa claro como comportamentos corriqueiros passam a ser, na Alemanha, atos ensinados e institucionalizados, em um universo onde tudo é preparado e planejado cuidadosamente. Corpos agem como máquinas, e a sociedade insere-se no medo do risco. O conceito de felicidade está atrelado a estratégias e isento de qualquer imprevisibilidade.
Malina
Dirigido por Werner Schroeter em 1991 com Isabelle Huppert no papel principal, o filme tem roteiro assinado pela então futura Nobel de Literatura Elfriede Jelinek. A adaptação para as telas do romance de Ingeborg Bachmann, aparentemente um triângulo amoroso encenado em forma de melodrama clássico, não oferece, porém, soluções fáceis ou moralistas às quais o espectador está normalmente acostumado.
A vida é um canteiro de obras
Longa-metragem de 1996 dirigido por Wolfgang Becker, "A vida é um canteiro de obras" tem a Berlim dos anos 1990 como cenário. O protagonista Jan Nebel perde seu emprego em um frigorífico, envolve-se sem querer em um confronto entre manifestantes e policiais, enfrenta a morte do pai e descobre que pode estar infectado com HIV.
Corra, Lola, corra
Com Franka Potente e Moritz Bleibtreu nos papéis principais, o filme de 1998, dirigido por Tom Tykwer, foi um dos maiores sucessos do cinema alemão da década, inclusive fora do país. O longa-metragem apresenta ao espectador três narrativas semelhantes em três blocos de 20 minutos – cada versão tem pequenas mudanças no roteiro e finais totalmente diferentes.
Alameda do Sol
O protagonista Michael vive na Alemanha Oriental, mais precisamente na "Sonnenallee" (Alameda do Sol), rua situada em sua maior parte no lado ocidental da cidade. O filme de 1998, dirigido por Leander Haussmann, gira em torno da vida dos jovens no lado oriental da cidade dividida pelo Muro de Berlim nos anos 1970 e constrói a ideia de uma Alemanha Oriental onde havia festas, amores e música.
Lugares em cidades
O longa-metragem de 1998 da diretora Angela Schanelec é centrado no dia a dia de uma estudante em Berlim. O roteiro não leva o espectador a entender a personagem. Em vez disso, a diretora prefere apresentar a protagonista na penumbra, quase fora de quadro ou sem foco, ressaltando com tais ferramentas visuais a solidão, a angústia e a insegurança que a assolam.
Buena Vista Social Club
Exibido pela primeira vez no Festival de Berlim de 1999, o documentário de Wim Wenders é um tributo a músicos cubanos idosos, verdadeiras lendas no país descobertas por Ry Cooder. O longa-metragem supreendeu na época e recebeu diversos prêmios, embora tenha recebido críticas negativas, que acusavam o diretor de ter transformado a realidade cubana em imagens pitorescas para fins mercadológicos.
Senhor Zwilliing e Senhora Zuckermann
O documentário dirigido por Volker Koepp em 1999 gira em torno de dois idosos, os últimos judeus nascidos na ucraniana Chernivtsi. Eles têm em comum a língua alemã, a lembrança da cidade como centro de cultura judaica e as preocupações cotidianas da era pós-soviética. Refletidas nas biografias dos protagonistas, vão sendo desfiadas pelo diretor as misérias e catástrofes do último século na Europa.
Figuras da noite
Longa-metragem dirigido por Andreas Dresen em 1999, o filme é composto por episódios rodados em Berlim e tem "pessoas comuns", perdidas na noite da cidade, como protagonistas. O ator Michael Gwisdek recebeu o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim por sua atuação no filme. Nascido na ex-Alemanha Oriental, Dresen escancara também neste filme as feridas encobertas de uma Alemanha reunificada.
Dealer
Parte da "Trilogia Migrante" do diretor Thomas Arslan, o filme retrata o cotidiano de jovens de origem turca em Berlim. Mas o diretor vai além de um mero estudo sociológico do bairro que retrata na tela, fugindo a padrões narrativos convencionais. No lugar de conflitos concretos, o filme se detém nos dramas internos do protagonista, em sua inabilidade para decisões e em seu desamparo crônico.