1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Brexit sem acordo significa tempos duros para britânicos

18 de agosto de 2019

Segundo documento do governo vazado para imprensa, Reino Unido estará sujeito a meses de caos de transportes e carência de artigos básicos, caso se separe da UE sem um acordo de transição, como propõe o premiê Johnson.

https://p.dw.com/p/3O608
Premiê britânico Boris Johnson come sorvete de casquina adornado por bandeira britânica
Premiê Boris Johnson: Brexit em 31 de outubro, com ou sem acordo com UEFoto: picture-alliance/dpa/AP/F. Augstein

Um no-deal Brexit (sem acordo de transição com a União Europeia) causará congestionamento dos portos britânicos, acarretando carestia de gêneros alimentícios, medicamentos e combustíveis no Reino Unido, sugere um relatório governamental vazado para a imprensa.

Divulgado neste domingo (18/08) pelo jornal Sunday Times, o documento, de codinome "Yellowhammer", conjetura que 85% dos caminhões usando os portais de ingresso entre a Inglaterra e a França "podem não estar prontos" para a aduana francesa.

O colapso dos portos poderá durar três meses, resultando numa redução dos suprimentos de alimentos frescos e eventualmente redundando em compras antecipadas pelo pânico.

A advertência coincide com as tentativas do novo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, de forçar Bruxelas a reabrir as negociações sobre o acordo do divórcio entre o país e a UE, fechado por sua antecessora, Theresa May. Johnson tem insistido que Londres abandonará o bloco europeu em 31 de outubro, com ou sem acordo.

O relatório prevê, ainda, que os atrasos nas fronteiras causem severos distúrbios de tráfico, sobretudo em torno da capital, Londres, e do sudeste da Inglaterra, com o potencial de afetar o fornecimento de combustível. Está igualmente previsto um impacto sobre os suprimentos de remédios e equipamentos médicos, grande parte dos quais chega do continente europeu à ilha.

É sublinhado o fato de que foram fechados poucos acordos bilaterais com Estados-membros isolados da UE, exceto em relação aos direitos de previdência social; e que "se mantém em nível baixo" a disposição pública e empresarial para a retirada do Reino Unido.

Predições semelhantes por parte de acadêmicos ou outros departamentos do governo britânico têm sido descartadas como alarmismo pela ala pró-Brexit. No entanto, Johnson se encontra sob pressão intensa de políticos de todas as frentes para que evite uma separação não regulamentada.

Mais de 100 deputados apelaram por uma convocação imediata do Parlamento, a fim de que se debata sobre um Brexit sem acordo. O órgão legislativo se encontra em recesso de verão até 3 de setembro.

O ministro encarregado de coordenar os preparativos para o no-deal, Michael Gove, insistiu que o documento vazado é apenas um "pior dos casos". No Twitter, afirmou que "passos muito significativos foram tomados nas últimas três semanas para acelerar o planejamento do Brexit".

Líderes europeus têm repetidamente descartado reabrir um acordo aceito por May em 2018, mas rejeitado pelos deputados britânicos em três ocasiões. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, informou que se encontrará com Johnson na quarta-feira, mas frisou que Berlim está preparado para um Brexit desordenado.

"Estamos preparados para qualquer resultado [...] mesmo que não obtenhamos um acordo. Mas em todas as oportunidades eu farei um esforço para encontrar soluções, até o último dia das negociações."

Neste domingo, o Reino Unido também anunciou ter ordenado a anulação do European Communities Act (ECA 1972) – a lei que, 46 anos atrás, incluiu o país na Comunidade Europeia, a antecessora da União Europeia, concedendo supremacia legal a Bruxelas. O decreto de anulação, assinado na sexta-feira pelo secretário do Brexit Steve Barclay, entra em vigor em 31 de outubro.

AV/ap,rtr,afp

______________

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
App | Instagram | Newsletter