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Alemanha oferecerá reforço da vacina a parte da população

2 de agosto de 2021

Iniciativa vale para idosos, pessoas com saúde vulnerável ou quem tomou vacina da AstraZeneca ou da Johnson & Johnson. País também decide incentivar imunização de todos com 12 a 17 anos.

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Idoso sendo vacinado
Autoridades de saúde querem ampliar proteção de pessoas vulneráveis durante outono e invernoFoto: Joerg Boethling/imago images

A Alemanha oferecerá doses de reforço da vacina contra a covid-19 para parte da sua população a partir de setembro e permitirá que todas as crianças e adolescentes de 12 a 17 anos sejam imunizados até o final do verão do Hemisfério Norte, em meio a preocupações com o aumento de casos provocado pela variante delta do coronavírus, mais contagiosa.

O ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, e os secretários de Saúde dos 16 estados do país decidiram nesta segunda-feira (02/08) que os idosos e as pessoas com saúde vulnerável deverão receber uma terceira dose, citando preocupação com "uma resposta imune reduzida ou que diminui rapidamente" em alguns grupos, segundo comunicado sobre a decisão. O objetivo é garantir que esses grupos estejam mais protegidos durante o próximo outono e inverno europeus.

Equipes móveis de vacinação serão enviadas a lares de idosos e de pessoas que precisam de cuidados para oferecer doses de reforço da vacina da Biontech/Pfizer ou da Moderna, independentemente do imunizante que eles receberam anteriormente.

Os médicos também poderão aplicar doses de reforço aos seus pacientes que se qualificarem para tanto, como pessoas com o sistema imunológico enfraquecido.

Uma dose de reforço também será oferecida a partir de setembro para qualquer pessoa que tenha recebido as duas doses da vacina da AstraZeneca ou a dose única da Johnson & Johnson, "no interesse da saúde preventiva", segundo o documento divulgado pelo Ministério da Saúde alemão.

Tanto a AstraZeneca quanto a Johnson & Johnson são vacinas vetoriais virais, enquanto as vacinas Biontech/Pfizer e Moderna utilizam a tecnologia de RNA mensageiro.

Vacinação em crianças e adolescentes

Spahn e os secretários estaduais também decidiram nesta segunda tornar a vacina contra a covid-19 amplamente disponível para maiores de 12 anos, permitindo que eles sejam atendidos em todos os centros de vacinação do país, além da possibilidade de serem vacinados em consultórios médicos.

A decisão foi um passo além do que recomenda a Comissão Permanente para Vacinas da Alemanha (Stiko), que diz não haver dados suficientes de estudos sobre os efeitos de longo prazo das vacinas nos mais jovens.

A comissão atualmente só indica a vacina para pessoas de 12 a 17 anos se elas tiverem condições clínicas pré-existentes. Embora as crianças e adolescentes fora desse critério já possam ser vacinados em consulta com seus pais e médicos, a orientação cautelosa da Stiko tem retardado a vacinação nessa faixa etária.

Porém, com a volta às aulas após as férias de verão se aproximando e a vulnerabilidade dos jovens à variante delta, a pressão aumentou na Alemanha para vacinar essa faixa da população rapidamente e evitar novos fechamentos das escolas no outono.

As autoridades alemãs enfatizaram que a vacina é voluntária, mas disseram que vacinar crianças e adolescentes poderia "contribuir significativamente para um retorno seguro às salas de aula após as férias de verão", segundo o documento do Ministério da Saúde. Até o momento, 20% das pessoas de 12 e 17 anos tomaram a primeira dose na Alemanha, e cerca de 10% concluíram a vacinação.

O chefe da Stiko, Thomas Mertens, disse à emissora MDR que o órgão ainda estava aguardando os dados de estudos de longo prazo antes de decidir emitir uma recomendação de vacina mais ampla para os maiores de 12 anos. O problema, acrescentou ele, "não é tanto a vacinação das crianças". O que é necessário para ajudar a suprimir uma quarta onda covid-19 na Alemanha "é uma alta taxa de vacinação entre aqueles de 18 a 59 anos".

Embora a Alemanha tenha no momento taxas de infecção relativamente baixas em comparação com os países vizinhos, o número de casos tem aumentado nas últimas semanas, principalmente devido à variante delta.

OMS critica terceira dose

O debate sobre oferecer uma dose de reforço enquanto muitas nações ainda enfrentam escassez de imunizantes é alvo de críticas da Organização Mundial de Saúde.

Em 12 de julho, o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que seria "ganância" programar a aplicação da terceira dose de forma indiscriminada sem que houvesse claras evidências científicas mostrando que isso seja necessário.

"Se a solidariedade não funcionar, há uma palavra para explicar o prolongamento da agonia deste mundo (...), e essa palavra é ganância", afirmou Ghebreyesus.

Os laboratórios Pfizer e BioNTech anunciaram em julho ser provável que uma terceira dose seja necessária dentro de seis a 12 meses após a vacinação completa, mas ainda não há consenso científico sobre o tema. Se o coronavírus não mudar fundamentalmente na estrutura e composição como resultado de mutações, é possível que apenas pessoas com um sistema imunológico fraco precisem de fato de uma terceira dose do imunizante.

Logo após o anúncio da Pfizer e da BioNTech, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) e a Food and Drug Administration (FDA), agência do governo dos Estados Unidos que regulamenta o uso de medicamentos no país, divulgaram um comunicado conjunto afirmando que as pessoas completamente vacinadas não precisam de uma dose de reforço neste momento.

No Brasil, o governo de São Paulo anunciou que pretende lançar uma revacinação contra a covid-19 a partir de janeiro, mas o ciclo não está previsto no Plano Nacional de Imunização do governo federal. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mostrou contrariedade, afirmando não achar apropriado antecipar o debate de uma revacinação ou aplicação de uma dose de reforço enquanto ainda não foi aplicada a primeira dose em toda a população.

bl (AP, AFP, dpa)