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Acampamento pró-Lula em Curitiba é alvo de tiros

28 de abril de 2018

Duas pessoas ficam feridas em ataque à vigília montada próximo ao prédio onde o ex-presidente está preso. Inquérito é aberto para investigar o caso. Prefeitura faz novo pedido para que petista seja transferido.

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Brasilien Curitiba Camp von Unterstützern des ehemaligen Präsidenten Lula
Manifestantes em acampamento pró-Lula em Curitiba, perto da Superintendência da Polícia FederalFoto: Reuters/R. Buhrer

A direção nacional do PT informou neste sábado (28/04) que o acampamento montado em Curitiba em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi alvo de um atentado a tiros durante a madrugada.

Duas pessoas que estavam no local ficaram feridas. Uma delas, um homem de 38 anos identificado como Jeferson Lima de Menezes, levou um tiro no pescoço e foi levado a um hospital na região sul da capital paranaense. Ele veio de São Paulo e atuava como segurança do acampamento.

Segundo o jornal Gazeta do Povo, a segunda pessoa foi atingida por estilhaços no ombro, sem gravidade, após disparos terem acertado um banheiro químico.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná, as primeiras informações sugerem que os disparos foram efetuados por uma pessoa a pé. Um inquérito foi aberto para apurar o caso. Imagens divulgadas por câmeras de segurança registraram quando um homem chegou de carro e depois caminhou até o acampamento. Na sequência, ele apareceu efetuando vários disparos enquanto deixava o local. 

Brasilien Ex-Präsident Lula bei Metallgewerkschaft
Lula no dia em que foi preso, 7 de abrilFoto: picture-alliance/AP-Photo/N. Antoine

Estiveram no acampamento peritos da Polícia Científica do Paraná, além de policiais militares e da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil. Os investigadores recolheram no local cápsulas de pistola 9 mm, informou o jornal Folha de S. Paulo.

Desde que Lula foi levado para uma cela na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, em 7 de abril, apoiadores do petista permanecem acampados nos arredores do prédio. Após uma ordem judicial, eles deixaram as cercanias no dia 17 e se instalaram em uma área que fica a 750 metros da sede.

Depois do ataque, a Procuradoria-Geral da Prefeitura de Curitiba fez um novo pedido à 12ª Vara da Justiça Federal para que o ex-presidente seja transferido da sede da PF, segundo o portal G1. Uma primeira solicitação, em 13 de abril, alegava que a presença do petista no local tem gerado transtornos a moradores e funcionários.

A notícia do atentado foi divulgada inicialmente por páginas de notícias pró-petistas na internet. Membros da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, também relataram em redes sociais informações sobre os tiros, que teriam ocorrido por volta das 4h da madrugada.

Segundo essas primeiras notícias, os disparos foram feitos por um homem que circulou repetidamente pelo local gritando ofensas contra as pessoas que estavam acampadas.

Na manhã deste sábado, após o episódio, membros do acampamento organizaram um protesto. Eles bloquearam uma via no bairro Santa Cândida, onde fica a sede da PF, e queimaram pneus.

PT condena violência

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, publicou um vídeo na página do partido em que condenou o episódio. Ela contou que foi informada sobre o crime pelo presidente do PT paranaense, o deputado federal Doutor Rosinha. Segundo ela, mais de 20 tiros foram disparados contra o acampamento.

"O nosso acampamento foi atacado nesta madrugada a tiros, e uma pessoa foi atingida. (...) As pessoas que atacaram passaram em frente várias vezes gritando e se manifestando de maneira contrária", afirmou.

Hoffmann também disse que "a situação de violência e intolerância no país está muito grave". "Isso vem num rastro de violência que os movimentos sociais vêm sofrendo desde que o golpe do impeachment aconteceu", declarou.

A presidente do PT também aproveitou a ocasião para culpar a Rede Globo e o juiz Sérgio Moro, que condenou o ex-presidente em primeira instância pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e depois ordenou sua prisão.

"Essa violência é resultado desse processo construído de perseguição ao presidente Lula e contra o PT e os movimento de esquerda. A Lava Jato e o juiz Sérgio Moro têm responsabilidade objetiva nisso. Assim como a grande mídia, principalmente a Rede Globo, que dia após dia incita o ódio", disse.

Já os organizadores do movimento Vígilia Lula Livre criticaram a falta de proteção policial para os membros do acampamento.

"No fundo, é uma crônica anunciada. Desde o dia em que houve a mudança do local do acampamento, cumprindo demanda judicial, integrantes do movimento social haviam sido atacados na região. Desde aquele momento, a coordenação da vigília já exigia policiamento e apoio de viaturas, como foi inclusive sinalizado nos acordos para mudança no local do acampamento", disse o movimento em nota.

Outro ataque há um mês

No final de março, antes da prisão de Lula, uma caravana do ex-presidente que cruzava o interior do Paraná durante uma viagem pelo sul do Brasil também foi alvo de tiros, provavelmente efetuados a partir de uma arma de baixo calibre.

Segundo laudo do Instituto de Criminalística do Paraná, um dos ônibus foi atingido na lataria e outro no vidro. Inicialmente o PT indicou que dois veículos haviam sido atingidos por tiros, mas o laudo apontou que o outro ônibus foi alvo de uma pedrada.

Os disparos e outros episódios de violência que marcaram a caravana provocaram ampla condenação no meio político. O presidente Michel Temer classificou o ataque de inaceitável. Os autores ainda não foram identificados.  

JPS/ots

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