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Segurança alimentarÁfrica

UA pede aposta na agricultura para combater a fome

Chrispin Mwakideu
19 de julho de 2022

Reunidos na Zâmbia, países membros da União Africana lançaram apelo aos agricultores para aumentarem a produção perante a seca no Corno de África e o aumento da insegurança alimentar. Diminuir importações é o objetivo.

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Foto: picture-alliance/blickwinkel/G. Fischer

A seca no corno de África, as pragas de gafanhotos, o conflito em Tigray, a pandemia da Covid-19 e agora a guerra na Ucrânia estão a pressionar a alimentação em África. Josefa Sacko, comissária da União Africana para a agricultura, pinta um quadro sombrio: "Atualmente estamos a passar pela guerra da Ucrânia que envolve dois dos maiores produtores mundiais de cereais, petróleo e fertilizantes. Sabemos que o nosso continente é muito dependente de importações", frisa.

A embaixadora aponta um caminho claro para resolver a situação: "Nós, como UA, teremos todas as vantagens se começarmos a produzir nós proprios e a parar de importar comida de fora".

A segurança alimentar dominou a agenda da 41ª Sessão Ordinária do Conselho Executivo da União Africana em Lusaka, na Zâmbia. O tema da cimeira "Construir Resiliência na Nutrição no Continente Africano" destacou os desafios alimentares em curso que se apoderaram de África. Segundo a ONU, 278 milhões de africanos não tiveram acesso a alimentos adequados em 2021, ainda antes da guerra que opõe Kiev a Moscovo.

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Preços dos alimentos estão a aumentar em todo o continente.Foto: DW

Zâmbia quer ter papel de destaque no combate à fome

O Presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, exortou os países membros da União Africana a intensificarem esforços para transformar o potencial agrícola do continente e acabar com a fome.

"Precisamos também de garantir que melhoramos a nossa capacidade de produzir alimentos além das estações chuvosas nos nossos países. O que significa irrigação, significa tecnologia adequada, tecnologias eficientes, para aproveitar ao máximo a água que está disponível, nos nossos países e no nosso continente", explica.

Hichilema, eleito no ano passado e que herdou um passivo de 17 mil milhões de euros do Governo anterior, disse recentemente que a Zâmbia pretende contribuir significativamente para a luta contra a insegurança alimentar.

Tal como a maioria dos outros países africanos, a economia deste Estado depende fortemente da agricultura e do agronegócio. Estes dois setores contribuem com cerca de 20% do PIB e cerca de 12% das receitas de exportação, segundo dados do Banco Mundial. Além disso, a indústria agrícola emprega quase 70% da força de trabalho da Zâmbia, sendo esta a principal fonte de rendimento para a maioria das pessoas nas áreas rurais.

Somalia | Hungersnot
Seca severa na Somália.Foto: Mariel Müller/DW

"Parcerias criativas" para "agendas ambiciosas"

Para além de antigos e atuais chefes de Estado, também participaram na reunião da União Africana algumas celebridades – mesmo que remotamente – como o ator britânico Idris Elba, cujos pais nasceram na África Ocidental.

"Acho que nestes tempos, precisamos de fazer parcerias criativas - governos, empresas e artistas devem juntos alcançar agendas ambiciosas. Como acabámos de ver no Sri Lanka, não pode haver paz, se não houver comida, e não pode haver segurança quando os cidadãos estão com fome, desesperados e não veem um futuro viável", apontou.

Aos jornalistas o Presidente senegalês Macky Sall, atual líder da UA, disse que os países concordaram em agilizar os mecanismos já existentes para fomentar o comércio, melhorar a integração africana e promover as matérias primas locais através da industrialização.

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