Mocímboa da Praia reabilita porto que terroristas ocuparam
13 de março de 2023"Nesta primeira fase nós estamos a falar de um investimento de cerca de seis milhões de dólares [5,6 milhões de euros], mas no final de todo o programa de desenvolvimento calculámos um total de 30 milhões de dólares [28 milhões de euros]", declarou à agência de notícias Lusa o administrador Helenio Turzão.
Na noite de 12 de agosto 2020, os grupos armados que têm protagonizado ataques em Cabo Delgado invadiram o porto de Mocímboa da Praia e os confrontos com as Forças de Defesa e Segurança deixaram um número desconhecido de mortos, incluindo elementos da força marítima, além de várias infraestruturas destruídas.
Segundo Helenio Turzão, os rebeldes que ocuparam o porto e a sede de Mocímboa da Praia por vários meses devastaram toda a infraestrutura, bem como a carga de vários clientes que estava no local.
População está a regressar
"Nós encontrámos o porto extremamente destruído, quer sob ponto de vista da infraestrutura, quer da carga. Tivemos de fazer toda a atividade de limpeza para dar início à reabilitação", declarou o administrador.
As obras da infraestrutura, que incluem a construção de um novo cais e a reabilitação do parque de contentores, começaram em agosto de 2022 e deverão terminar em julho, num momento em que o distrito gradualmente ganha vida como resultado das operações conjuntas das forças moçambicanas, do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
"O tecido comercial e industrial já está a regressar com alguma força, o que significa que já existe atividade económica para as populações, que têm estado a regressar a bom ritmo", concluiu Helenio Turzão.
Vila saqueada e destruída
Após meses nas "mãos" de insurgentes, Mocímboa da Praia foi saqueada e quase todas as infraestruturas públicas e privadas foram destruídas, bem como os sistemas de energia, água, comunicações e hospitais.
No total, cerca de 62 mil pessoas, quase a totalidade da população, abandonaram a vila costeira devido ao conflito que começou há cinco anos e meio, com destaque para as fugas em massa que ocorreram após a intensificação das ações rebeldes em junho de 2020.
A vila costeira, situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural, em Afungi, Palma, liderado pela TotalEnergies, foi aquela em que grupos armados protagonizaram o seu primeiro ataque em outubro de 2017, tendo sido, por muito tempo, descrita como a "base" dos terroristas.