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Moçambique: Covid-19 faz aumentar desemprego em Sofala

Arcénio Sebastião (Beira)
8 de maio de 2020

O desemprego aumentou na província de Sofala, centro de Moçambique, desde o início do confinamento. Várias empresas encerraram as portas devido à falta de clientes e há muitas centenas de postos de trabalho em risco.

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Foto: DW/A. Sebastiao

Mais de dois mil postos de trabalho em Sofala estão a ser diretamente afetados pela crise provocada pela pandemia da Covid-19, segundo dados da Inspeção Geral do Trabalho na província.

Várias empresas tiveram que encerrar definitivamente as portas. Outras optaram por reduzir o número de funcionários por turno, o que levou a uma queda da produção. 

Mosambik Beira Armindo Nhalungo Arbeitsinspektor
Armindo NhalungoFoto: DW/A. Sebastião

De acordo com Armindo Nhalungo, inspetor-chefe na Inspeção Geral do Trabalho em Sofala, pelo menos 65 empresas já anunciaram a pretenção de encerrar atividades.

"Até ao dia 30 de abril recebemos 65 cartas de empresas. Umas a comunicar a suspensão de atividades. Outras a comunicarem férias coletivas", informou Armindo Nhalungo.

O responsável acrescentou ainda que algumas "empresas optaram por suspender na totalidade as atividades com a indicação de que os salários dos trabalhadores seriam pagos nos termos do artigo 123 da Lei do Trabalho". Ao todo, estão em causa 2.254 funcionários, de vários setores.

As despesas são muitas

Com a prorrogação do estado de emergência em Moçambique por mais 30 dias, muitas empresas antecipam ainda mais dificuldades. Augusto Zalembessa, que opera no setor da restauração, já está a pôr em prática um plano de contenção de custos.

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"Para não acumular serviços, tentamos reduzir os custos de energia. Como pode ver, estamos a tentar desconectar algumas geleiras para reduzir o custo da energia. Já fechámos algumas torneiras, também estamos a tentar conservar água, para não termos o valor da fatura muito elevado. Tentamos também separar os turnos dos trabalhadores, que são divididos agora em dois turnos, o que vai ajudar também", descreve Augusto Zalembessa.

O empresário revelou à DW África que vai escrever uma carta ao Conselho Municipal a pedir uma redução na renda mensal e no valor dos impostos.

Despedimentos em massa

A Organização dos Trabalhadores Moçambicanos - Central Sindical (OTM), mostra preocupação com o despedimento em massa de trabalhadores sem observar as recomendações do Governo no âmbito do estado de emergência.

Bento Gotine, representante da OTM, revela que tem mantido conversações com os empregadores para procurar alternativas aos despedimentos.

"Temos mantido encontros, dia a dia, no sentido de analisarmos o que pode ser feito para diminuir o índice de despedimentos atual. A situação é preocupante, porque as pequenas e médias empresas são as que mais sofrem, e são elas as que mais pessoas empregam."

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Prolongamento do estado de emergência

Com a prorrogação do estado de emergência, em vigor desde 1 de maio, a Inspeção Geral do Trabalho em Sofala diz ter recebido ainda mais queixas, além de cartas de empresas cada vez mais preocupadas com a possibilidade de fecharem.

A Associação Comercial da Beira, que congrega cerca de 90% das atividades comerciais em Sofala, também está alarmada com a crise.

"Uma das coisas que mais nos preocupa é a questão do desemprego, porque, independentemente da questão do negócio em si, nós temos que olhar para o futuro dos nossos trabalhadores", afirma o presidente da associação comercial, Jorge Fernandes.

"As autoridades precisam de ter atenção", avisa.

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