Huambo: 'Pouco mudou' desde que João Lourenço é Presidente
13 de maio de 2022Fomos ao arquivo da DW África e encontrámos um registo de áudio de há quase cinco anos com uma promessa do então candidato a Presidente da República, João Lourenço.
"Cada um no seu município deve ver os seus problemas resolvidos aí. As administrações municipais têm que ter receitas", afirmou João Lourenço durante a abertura da campanha eleitoral do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), a 5 de julho de 2017, na cidade do Huambo.
Passados quase cinco anos, vários residentes da província dizem que pouco mudou nos municípios.
Ao contrário do que advogava Lourenço, as administrações municipais não têm obtido receitas, porque não há desenvolvimento económico, explica o sociólogo Memória Ekolika. E sem receitas, os problemas continuam por resolver.
"As promessas de 2017 no que ao Huambo diz respeito não foram concretizadas nem sequer em 25%", diz Ekolika. "O primeiro ato público do Presidente da República sobre a agricultura foi aqui no Huambo, aquando da sua tomada de posse, em 2017. Houve várias promessas, mas a agricultura continua como estava antes."
A província continua a debater-se com problemas de saneamento básico, falta de apoios ao setor empresarial e desemprego. Face a isto, muitos jovens deslocam-se para os grandes centros urbanos em busca de melhores condições de vida.
Presidente da República volta ao Huambo
A poucos meses das próximas eleições gerais, João Lourenço regressou esta sexta-feira (13.05) ao Huambo para inaugurar a centralidade de "Halavala", no município do Bailundo, e visitar empreendimentos sociais.
Para Capui Lara, presidente do Conselho Provincial da Juventude do Huambo, João Lourenço está na direção certa. Aponta como exemplos o fomento à habitação, a atribuição de bolsas de estudo e a criação de programas de empregabilidade. Mas quer mais.
"Sentimos que os jovens enfrentam ainda muitas dificuldades", diz o jovem.
No sábado (14.05), já na qualidade de presidente do MPLA, João Lourenço vai orientar um ato político de massas no âmbito da pré-campanha para as eleições gerais de agosto.
António Solya Solende, secretário provincial do Partido de Renovação Social no Huambo, abana a cabeça. Segundo Solende, não se pode confundir os papéis de chefe do Executivo com o de líder partidário, nem se pode usar recursos do Estado para depois desenvolver ações partidárias.
"Não é justo que venha ao Huambo como Presidente da República e, no dia seguinte, vista a camisola do partido, porque não vem servir os angolanos no seu todo."
Mais uma vez, pouco parece ter mudado nos últimos cinco anos, lamenta o político.