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Cresce contestação aos resultados eleitorais em Angola

Raquel Loureiro | António Cascais | Borralho Ndomba | Daniel Vasconcelos | Simão Lelo | com agências
27 de agosto de 2022

Após Adalberto Costa Júnior ter confirmado, esta sexta-feira, que a UNITA não vai aceitar os resultados anunciados pela CNE, eclodiram vários protestos no país. Para este sábado, estão agendadas várias manifestações.

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Angola | Luanda | Nach den Wahlen
Foto: Siphiwe Sibeko/REUTERS

Esta sexta-feira (26.08), após as declarações de Adalberto Costa Júnior sobre os resultados eleitorais provisórios apresentados pela Comissão Nacional de Eleições, e que dão a vitória ao MPLA com 51% dos votos, eclodiram protestos de apoio à UNITA em alguns pontos do país, nomeadamente, nas províncias de Benguela, Zaire e Cabinda.

Nas redes sociais, circulam vídeos que mostram a adesão que estes protestos têm tido, apesar da UNITA continuar a apelar à calma no país.

Esta manhã, na província de Benguela, alguns ativistas que participavam em mais um protesto contra os resultados eleitorais no município do Lobito foram detidos.

Na sua página do Facebook, a organização não-governamental OMUNGA denuncia que os ativistas estão a ser "torturados" pela polícia nacional de Angola e apela à calma a todos os cidadãos. 

Também em Luanda, a polícia nacional reprimiu, este sábado, os manifestantes que se preparavam para marchar do Largo da Independência até ao perímetro do Palácio Presidencial, na Cidade Alta, em Luanda. Vários jovens foram detidos e agredidos. 

Já na noite de sexta-feira, vários manifestantes tentaram protestar na capital angolana. Isabel dos Santos, filha do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos recorreu à sua página do Twitter para partilhar isso mesmo.

Em Cabinda, relata o nosso correspondente Simão Lelo, centenas de jovens saíram à rua para manifestar o seu contentamento por, após o discurso de Adalberto Costa Júnior, entenderem que ainda há esperança para a UNITA. No entanto, a manifestação ficou marcada por alguns atos de vandalismo.

Na rotunda da República, no Cabassango, a população acabou mesmo por destruir a imagem de João Lourenço e queimar as bandeiras do MPLA que lá se encontravam, substituindo-as pela bandeira da UNITA. 

Angola Cabinda | Bekanntgabe der Wahlergebnisse
Em Cabinda, na rotunda da República, população queimou bandeiras do MPLA e substituiu-as por bandeiras da UNITAFoto: Simão Lelo/DW

Num outro ponto da cidade, mais especificamente, ao lado do governo provincial, houve inclusive intervenção da polícia, que acabou por disparar tiros para dispersar os manifestantes.

São vários os vídeos sobre a agitação nas ruas de Cabinda que circulam nas redes sociais.

Cenário semelhante na província do Zaire, como mostra um vídeo partilhado no Twitter por Florindo Chivucute, fundador da organização Friends of Angola. 

As autoridades policiais apelaram, entretanto, aos grupos organizados que pretendem organizar atividades sábado e domingo, a "uma contenção por respeito à figura do antigo Chefe de Estado", que será enterrado, este domingo, em Luanda.

Autoridades em prontidão

Depois da polícia, também o ministro do Interior Eugénio Laborinho apelou à "calma e serenidade" no período pós-eleitoral, afirmando que as autoridades estão prontas para responder a possíveis alterações da ordem pública.

Eugénio Laborinho foi questionado pelos jornalistas quando se encontrava nas cerimónias fúnebres sobre manifestações convocadas pelas redes sociais, mas desvalorizou eventuais protestos. 

"Temos de aceitar os resultados que a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) anunciou. É hábito e acontece sempre, quem perde nunca aceita os resultados, eu só apelo a que haja serenidade, haja acalmia, haja ponderação porque nós estamos aqui para garantir a ordem e segurança pública", sublinhou o ministro.

Eugénio Laborinho disse que não há preocupações quanto a tensões na rua "porque as forças estão em prontidão", e garantiu que haverá intervenção policial em qualquer "situação anormal".

"Sem haver eleições, já havia alterações da ordem, agora neste momento em que estamos é possível que haja, mas estamos prontos para responder", reforçou.