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Covid-19 e outras pandemias da história em África e no mundo

Marina Oliveto
4 de junho de 2020

Da Peste Negra à Covid-19, a história conta-nos como as pandemias dizimaram parte da população e como foi possível superar as doenças.

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Bubonic Plague Bacillus
Foto: picture-alliance/dpa/Mary Evans Picture Library

Na tarde do dia 11 de março, a Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou o grau de risco do novo coronavírus de "ameaça muito grave” para pandemia. Desde então, instaurou-se uma crise global na tentativa de conter a rápida propagação da doença em todos os continentes.

Desde que os primeiros casos que surgiram em Wuhan, na China, ainda em dezembro de 2019, muita coisa mudou. O mundo descobriu que a propagação do vírus era rápida e letal. O novo coronavírus Sars-Cov-2, que causa a doença de Covid-19, é altamente infeccioso.

Os números apresentam-se ao mundo de forma dramática, já ultrapassam os 6,4 milhões de pessoas infetadas, com mais de 380 mil mortes confirmadas pela doença. Após devastar países europeus, o epicentro está atualemente nas Américas, atingindo gravemente o Brasil e os Estados Unidos.

Líderes de grandes economias, que outrora minimizaram a propagação do vírus, agora impõem confinamentos nos seus países, tentando reduzir o número de infetados e buscando condições para conseguir mais camas de cuidados intensivos para tratar os doentes graves.

Chegando a África, a Covid-19 tornou-se mais um inimigo, com mais de 162 mil infetados e mais de 4.600 mortes. Mas o continente enfrenta vários surtos infecciosos que já levaram milhares de pessoas à morte.

Vírus Ébola

O primeiro caso da doença foi identificado em meados de 1976, na pequena vila de Mongala, na República Democrática do Congo (RDC). A vítima contraiu o vírus após uma visita à região da fronteira com a República Centro-Africana. Após a morte do infetado, o vírus Ébola foi descoberto e outros 318 casos foram diagnosticados, com 280 mortes.

Em 1995, registaram-se novos casos. Em 2014, a OMS anunciou um novo grande surto de Ébola. As taxas de letalidade da doença são altas, levando à morte mais de 2 mil pessoas das mais de 4 mil infetadas. As autoridades dizem que estes números podem ser subestimados, pela dificuldade na notificação dos casos e aponta uma taxa de letalidade de quase 90%.

O Ébola ainda é uma realidade em África: esporadicamente acontecem surtos em diferentes países do continente – como atualmente na RDC. Por isso, existe um trabalho constante por parte das autoridades para controlar o contágio e o avanço da doença.

Cólera

Vários países africanos sofrem com surtos sazonais de cólera. Geralmente em períodos chuvosos ou após desastres ambientais, como a passagem do ciclone Idai, a doença infeciosa aparece e faz várias vítimas.

A cólera é uma doença tratável, em que o paciente tem alto índice de cura. Segundo dados da OMS, registam-se anualmente cerca de 3 milhões de novos casos da doença e, destes contaminados, há pelo menos 100 mil mortos por ano.

Mosambik Cholera Impfung
Vacinação contra a cólera em MoçambiqueFoto: DW/A. Sebastião

Malária

A malária é uma doença infeciosa que apresenta alta taxa de mortalidade em território africano ao longo das últimas décadas. A malária é transmitida a partir da picada do mosquito contaminado, que injeta o parasita na corrente sanguínea.

Apesar dos altos números de casos registados em África e o impacto devastador causado pela doença, a malária é tratável e pode ser prevenida, com cuidados regulares de higiene.

Em tempos de pandemia, o combate a malária ganhou ainda mais força nos países africanos, já que os sintomas são semelhantes ao da Covid-19 e de gripe. Muito se fala do tratamento e prevenção, uma vez que a cloroquina é um dos medicamentos mais indicados para o tratamento da malária, mas a OMS rejeita o tratamento para a Covid-19.

Como forma de prevenção, os moradores de áreas com forte concentração de transmissão da doença são orientados a usar redes de proteção e realizar a desinfeção das casas diariamente.

As pandemias do passado 

Apesar de estarmos a viver um momento histórico, a Covid-19 assemelha-se a outras pandemias que o mundo viveu no passado. Muitos fazem relação histórica com a temida Gripe Espanhola de 1918, que matou milhares de pessoas em todo mundo.

Especialistas como Dr. Peter Daszark, presidente do Eco Health Alliance, esperavam já uma nova pandemia. Milhares de vírus da vida selvagem podem sofrer mutações e chegar aos humanos, aumentando as probabilidades de um surto epidémico.

O mais importante nesse processo é entender que a ciência evoluiu desde os primeiros registos pandémicos e que o mundo já está mais preparado para enfrentar uma pandemia. No entanto, é inevitável comparar com outros registos históricos. Fazemos um apanhado geral, desde a peste negra à Covid-19.

Infografik Beulenpest Portugiesisch

Peste Negra

Aconteceu em meados do século XIV, causando o pânico entre pessoas em todo o mundo, que temiam sair de casa com medo dos "gases venenosos” que acreditavam ser a causa da doença.

Na verdade, a bactéria Yersinia pestis, conhecida como Peste Bubónica, era transmitida aos seres humanos através do contato das pulgas que passavam dos ratos pretos que carregavam a bactéria.

Especialistas estimam que a Peste Negra matou entre 75 milhões a 200 milhões de pessoas na Europa, quase um terço da população da região, entre 1346 e 1353. A causa do surto era a falta de higiene, já que as condições sanitárias eram precárias na época.

Diferente das restantes pandemias, a Peste Negra foi causada por uma bactéria e não um vírus.

Gripe Espanhola

Para muitos especialistas, esta é considerada a "mãe de todas as pandemias”. Historiadores acreditam que a doença infetou 40% da população mundial entre 1918 e 1919 e teria começado no Estado do Kansas, nos Estados Unidos da América, com o transporte dos soldados americanos para a Europa durante a Primeira Guerra Mundial.

O nome "Gripe Espanhola" não vem do local onde teve início o contágio, mas sim do facto de a imprensa espanhola ter dado especial atenção à doença. Uma vez que o país não estava envolvido na guerra - que entrava na recta final - , a imprensa de Espanha não sofria tanta censura em relação à doença como nas potências envolvidas no conflito, onde as autoridades tentaram abafar as notícias da gripe para não causar o pânico na população e afetar o desempenho dos soldados.

A Gripe Espanhola foi provocada por uma mutação do vírus da Influenza A, H1N1, que levou ao contágio de mais de 500 milhões de pessoas no mundo. Em abril de 2020, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, comparou a Covid-19 à Gripe Espanhola que há um século matou 100 milhões de pessoas, mas disse que "desastre" idêntico pode ser evitado.

Spanien Zeitung Artikel
Avertências contra a gripe espanhola assemelham-se aos conselhos para prevenir a Covid-19Foto: Unbekannt

Gripe Suína

Num passado não muito distante, a população mundial viveu momentos de pânico semelhantes aos atuais. Em 2009, uma mutação grave do vírus H1N1 atingiu novamente o mundo, levando ao encerramento de escolas e estabelecimentos comerciais e paralisando várias atividades em 187 países.

Segundo dados divulgados pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos, o número de infetados pode ter chegado a 1,4 mil milhões de pessoas e o número de mortos a 575 mil.

O primeiro caso da gripe suína teria sido registado no México, no início de 2009. No entanto, as vacinas para o H1N1 já vinham sendo estudadas e foram disponibilizadas num prazo mais curto de tempo, o que permitiu o controlo da doença.

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