Sudão: "Única solução" é paramilitares integrarem exército
20 de maio de 2023O recém-nomeado vice-presidente do Conselho Soberano do Sudão e ex-líder rebelde Malek Aqar exortou, este sábado (20.05), o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido a integrar as Forças Armadas como única solução para acabar com o conflito no país.
"Não há alternativa para a estabilidade do Sudão a não ser através de um exército profissional único e unificado, tendo em conta o pluralismo sudanês", afirmou Malek Aqar, num comunicado divulgado um dia após assumir o novo cargo, anteriormente ocupado pelo líder das Forças de Apoio Rápido, Mohamed Hamdan Dagalo, também conhecido como Hemedti.
Falando sobre o conflito desencadeado no Sudão desde 15 de abril, o vice-presidente do Conselho Soberano do Sudão - órgão ou junta cívico-militar criada para governar a República do Sudão - garantiu que nesta "guerra" não haverá vencedor, pelo que "não há escolha a não ser ouvir a voz da razão e da prudência e sentar-se com o coração e a mente abertos para negociar".
O ex-líder do grupo rebelde armado Movimento Popular de Libertação do Sudão - Setor Norte, que assinou a paz com o Governo sudanês em 2020, destacou que vai usar a sua experiência em conflitos para "trabalhar para um cessar-fogo permanente e parar a guerra de forma sustentável".
Solução pacífica
Nesse sentido, Malek Aqar disse que vai articular com a comunidade internacional, inclusive com a Organização das Nações Unidas (ONU) e com a União Africana, a procura de uma solução pacífica para o conflito.
Da mesma forma, comprometeu-se a "completar o caminho da transformação civil e democrática" iniciado em 2019 após a queda do regime de Omar al Bashir, um processo que foi interrompido por um golpe de Estado militar em 2021 e que foi enterrado após a eclosão deste conflito no passado mês de abril.
Aqar foi nomeado vice-presidente do Conselho Soberano na sexta-feira (19.05) depois de o líder militar Abdelfatah al Burhan ter demitido Hemedti, um mês após o início dos combates.
De acordo com a ONU, a violência no Sudão provocou mais de 700 mortos e mais de 5.500 feridos, enquanto mais de 1,1 milhão de pessoas foram forçadas a deslocar-se dentro e para fora do país.
As Nações Unidas estimam que dois terços dos combates entre o Exército e as RSF ocorrem principalmente em centros urbanos com mais de 100 mil habitantes.