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Estado de DireitoGuiné-Bissau

Ataque em Bissau: "Pensei que seria assassinada"

2 de fevereiro de 2022

A jornalista Epifânia Fernandes não vai esquecer o 1 de fevereiro de 2022, o dia do ataque ao Palácio do Governo, em Bissau. Ela estava no interior do edifício quando tudo aconteceu.

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Soldados na principal artéria de Bissau após tiroteio no Palácio do GovernoFoto: Stringer/REUTERS

O que começou como um dia normal no serviço de Epifânia Fernandes acabou por ser o pior da sua vida jornalística.

Com o gravador ligado na mão direita e sentada no degrau das escadas, ao lado de seguranças do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, no corredor do Palácio do Governo, a jovem foi surpreendida por um som de tiro de bazuca, que parecia uma explosão.

"Eu, os seguranças do Presidente e alguns jornalistas sentimos o 'boom' e pensávamos que fosse o pneu de um carro que rebentou lá fora."

Não foi. Era o início do ataque à sede do poder Executivo guineense.

Epifânia diz que nunca imaginou testemunhar algo do género, particularmente durante a cobertura jornalística de uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros em Bissau.

Epifânia teve de desligar o gravador. Meteu-o no bolso. Era o salve-se quem puder.

Guinea-Bissau I Putschversuch in Bissau gescheitert, mehrere Tote
Populares juntaram-se nas ruas de Bissau; forças de segurança montaram um perímetro de segurançaFoto: Antonio Amaral/EFE/EPA

Momentos de terror

"Quando fomos ver o que se passava no portão principal, ouvimos disparos de bazuca. Entrámos em pânico, escondi-me entre os carros até chegar ao Ministério da Família [edifício ao lado da Prematura] e entrei na casa de banho. Lá encontrei a minha colega jornalista e outros funcionários", descreve a jovem guineense em declarações à DW África.

Epifânia conta que andaram de Ministério em Ministério à procura de locais mais seguros, no interior dos departamentos. Todos temiam o pior cenário possível. Não sabiam o que estava a acontecer, nem em quem confiar…

Em pleno tiroteio, Epifânia Fernandes viu homens a pularem os muros da vedação do recinto, mas não arriscou porque eram altos. "Daí uma grávida começou a sentir-se mal. Comecei a rezar e a chorar ao mesmo tempo. Pensei que fosse feita refém, que seria assassinada à noite ou abusada sexualmente. Pensava mil asneiras e temia pela minha vida".

A jornalista diz que esteve durante cinco horas debaixo do forte tiroteio.

O resto da história saiu nas notícias: as forças de segurança rodearam o Palácio do Governo e conseguiram controlar a situação. 11 pessoas morreram. Entretanto, já terão sido detidos vários suspeitos de envolvimento no ataque.

Mas aquele será um dia que Epifânia Fernandes não esquecerá: o 1 de fevereiro de 2022.

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