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Angola: Como fica Lunda Tchokwe com o seu líder na prisão?

17 de agosto de 2022

Fiel Muaco é o novo líder do Movimento do Protetorado da Lunda Tchokwe. Assumiu as funções em substituição de Zecamutchima, que foi condenado à prisão por associação criminosa e incitação à rebelião em Cafunfo.

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Angola Luanda José Mateus Zecamutchima
Foto: DW/N. Sul d'Angola

Fiel Muaco era o secretário-geral do Movimento do Protetorado Português da Lunda Tchokwe (MPPLT) antes do líder do movimento, José Mateus "Zecamutchima", ser condenado à prisão, em fevereiro. Agora, é o presidente interino do Protetorado.

Em conversa com a DW África, nesta terça-feira (16.08), na vila diamantífera de Cafunfo, província da Lunda Norte, Fiel Muaco promete que vai continuar a defender o povo da região contra as injustiças.

"A condenação não faz com que o movimento deixe de exercer a sua atividade para que possamos ter os objetivos preconizados há quase dezasseis anos", disse o líder interino, garantindo que a condenação de "Zecamutchima"  não abalou o Movimento do Protetorado.

 Fiel Muaco
Fiel Muaco líder interino do Movimento Protetorado da LundaFoto: Manuel Luamba/DW

Zecamutchima e outros 24 arguidos foram acusados pelo Ministério Público de associação de malfeitores, rebelião armada e prática de ultraje ao Estado e seus símbolos na sequência do alegado ato de rebelião ocorrido a 30 de janeiro de 2021, em Cafunfo, que resultou num número ainda indeterminado de mortos e feridos.  

Fiel Muaco diz que foi uma condenação injusta. E questiona o facto de alguns agentes do corpo de defesa e segurança envolvidos no caso não terem sido responsabilizados criminalmente. 

"Esses que mataram devem ser condenados também, porque ninguém tem o direito de tirar a vida de outrem", afirmou.

Braço-de-ferro entre o Movimento e o Estado

O Movimento do Protetorado da Lunda Tchokwe luta há quase dezasseis anos pela autonomia financeira, jurídica e administrativa da região.

Fiel Muaco diz que o Estado tem interpretado mal o propósito da organização, quando é acusada de tentar dividir o país.

Manifestação do dia 31 de janeiro em Cafunfo
Protesto em Cafunfo terminou em confrontos com a polícia e um número indeterminado de mortosFoto: Borralho Ndomba/DW

"O nosso objetivo não é a desanexação de Angola, mas sim permanecer em Angola como região autónoma. Nunca tivemos essa intenção de dividir Angola, como outras pessoas têm interpretado", esclareceu Muaco.

"É uma simples autonomia, como a região autónoma portuguesa da Madeira, para que ajude no desenvolvimento económico e social, acabando com as assimetrias que Angola tem."

O país vai a votos já no próximo dia 24 de agosto. Questionado sobre a posição do Protetorado da Lunda Tchokwe nas quintas eleições gerais, Fiel Muaco apela ao voto. Mas deixou claro que "as eleições não prejudicam nem beneficiam o Movimento. Que se façam de forma livre, sem qualquer impedimento da nossa parte."

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