Vacinação contra a dengue no SUS: o que você precisa saber
Publicado 4 de janeiro de 2024Última atualização 23 de janeiro de 2024O Brasil recebeu, em 20 de janeiro, uma primeira remessa com cerca de 750 mil doses da vacina contra a dengue, que será disponilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em diversas regiões do país – num primeiro momento, apenas para um público definido e moradores de regiões prioritárias.
O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas ao Ministério da Saúde sem cobrança pelo laboratório japonês Takeda, que desenvolveu a vacina Qdenga.
Uma segunda remessa, com 570 mil doses, tem previsão para ser entregue em fevereiro. Além dessas, a pasta adquiriu a quantidade total disponível pelo fabricante para 2024, 5,2 milhões de doses, que serão entregues ao longo do ano, até novembro.
Diante da capacidade limitada de fabricação de doses, o governo federal prevê que cerca de 3,2 milhões de brasileiros sejam vacinados em 2024, já que o imunizante requer duas doses, com intervalo de 90 dias entre elas.
Aprovada em março de 2023 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina já está disponível na rede privada de saúde desde julho do ano passado, com preços entre R$ 300 a R$ 800 a dose. Por meio do SUS, a vacinação será gratuita e, para os cofres públicos, teve um custo de R$ 95 por dose, valor alcançado após negociações.
O Brasil bateu recorde de mortes por dengue em 2023, com 1.094 vítimas, segundo o Ministério da Saúde. O recorde anterior era de 2022, com 1.053 óbitos. Já os casos de dengue chegaram a 1,65 milhão no ano passado, um aumento de 16,8% em relação a 2022, quando o governo registrou 1,42 milhão de infecções.
Apenas em 2024, segundo dados até 17 de janeiro, foram registrados mais de 55 mil casos prováveis de dengue, e seis óbitos foram confirmados.
Quem pode tomar a vacina?
A vacina pode ser aplicada em pessoas de 4 a 60 anos de idade. Como todo imunizante de vírus vivo, a Qdenga é contraindicada para gestantes e mulheres que estão amamentando, além de pessoas com imunodeficiências primárias ou adquiridas e indivíduos que tiveram reação de hipersensibilidade à dose anterior.
De acordo com a empresa fabricante, não há diferença entre indivíduos que tiveram contato com o vírus ou não. Para quem apresentou a infecção recentemente, a orientação é aguardar seis meses para receber o imunizante.
Inicialmente, a vacina não será disponibilizada em larga escala e terá público e regiões prioritárias, dado o número limitado de doses.
Segundo o governo, o imunizante será destinado a municípios com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando também em conta altas taxas nos últimos meses.
Em 2024, o público-alvo serão crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue depois dos idosos, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Anvisa.
A previsão é que as primeiras doses sejam aplicadas em fevereiro. A lista dos municípios e a estratégia de vacinação deverão ser informadas pelo Ministério da Saúde nos próximos dias.
Quantas doses são necessárias?
O ciclo de imunização com a Qdenga é completo com duas doses, sendo que a segunda deve ser aplicada três meses após a primeira.
Nos ensaios clínicos, a eficácia geral registrada foi de 80,2% contra a dengue causada por qualquer sorotipo, após 12 meses da segunda dose. A vacina também reduziu as hospitalizações em 90%. Segundo o laboratório Takeda, a vacina garante imunização contra a doença por até cinco anos.
Quem é o fabricante?
A vacina da dengue é produzida pela Takeda Pharmaceutical Company, farmacêutica japonesa fundada em 1781, também responsável pela produção de medicamentos para diabetes, hipertensão, insônia, refluxo, entre outros.
Transmissão e prevenção
Transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, os principais sintomas da doença são febre alta, dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas pelo corpo.
A dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença, pode causar dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos, letargia e sangramento de mucosa. A dengue hemorrágica é mais comum durante uma segunda infecção.
O melhor método para prevenção da dengue é reduzir a infestação de mosquitos, não deixando água parada e acumulada, que costuma ser usada pelo Aedes como criadouro.
lr/bl (Abr, Lusa, ots)