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Twitter suspende contas de jornalistas nos EUA

16 de dezembro de 2022

Repórteres haviam noticiado sobre Elon Musk e as mudanças que ele vem promovendo na plataforma. Empresa não comenta decisão.

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Logo do Twitter ao lado de perfil de Elon Musk
Musk acusou os jornalistas de compartilhar informações privadas sobre seu paradeiroFoto: Dado Ruvic/REUTERS

O Twitter suspendeu nesta quinta-feira (15/12) a conta de vários jornalistas dos Estados Unidos. Os afetados escreveram recentemente sobre o novo proprietário da plataforma, Elon Musk, e as mudanças ocorridas desde então na rede social. A empresa não justificou a suspensão, que atingiu, entre outros, repórteres dos jornais The New York Times, Washington Post e da emissora CNN.

Após a súbita suspensão das contas dos jornalistas, Musk, que assumiu o controle da plataforma alegando que defenderia a liberdade de expressão na rede social acima de tudo, acusou os repórteres de compartilhar informações privadas sobre seu paradeiro. Ele não apresentou provas da sua acusação.

A suspensão ocorreu após o Twitter ter banido na quarta-feira uma conta que rastreava automaticamente os voos do jato privado de Musk utilizando dados públicos. A plataforma incluiu ainda em suas normas a proibição do compartilhamento de localização de terceiros sem o consentimento destes.

Vários dos jornalistas que tiveram sua conta suspensa no dia seguinte à decisão da empresa noticiaram sobre essa mudança e as razões que teriam levado Musk a banir a conta e alterar as regras da rede social. O bilionário alegou ter sido vítima de perseguição na terça-feira em Los Angeles ao ter sua localização divulgada.

"Criticar-me o dia todo não tem problema, mas divulgar minha localização em tempo real, colocando minha família em perigo, não", escreveu Musk em seu perfil. Ele disse ainda que as suspensões serão incialmente por sete dias, e que os usuários da plataforma irão votar para decidir se as contas serão reestabelecidas.

A atual decisão contraria uma declaração de Musk feita no mês passado, quando o bilionário teria reafirmado seu suposto compromisso com a liberdade de expressão e ressaltado que não pretendia banir contas da plataforma, incluindo o perfil que divulgava as informações sobre os voos do seu jatinho.

Imprensa critica suspensão de contas

A suspensão da conta de jornalistas foi alvo de várias críticas. A editora-executiva do Washington Post, Sally Buzbee, pediu que a conta de seu repórter de tecnologia seja reativada e destacou que a decisão "mina o apelo de Musk de que ele pretendia administrar o Twitter como uma plataforma voltada à liberdade de expressão".

A emissora CNN afirmou que a suspensão é preocupante, mas não surpreende, e pediu explicações para a plataforma.

O Comitê para a Proteção de Jornalistas, que defende jornalistas em todo o mundo, afirmou estar preocupado sobre a decisão. "Se for confirmado que isso ocorreu por retaliação aos seus trabalhos, será uma violação grave do direito de jornalistas noticiarem os fatos sem medo de represálias", destacou.

Desde que assumiu o controle do Twitter, Musk vem promovendo uma série de mudanças na plataforma. Uma de suas primeiras decisões foi a demissão de metade dos funcionários da empresa.

Governo alemão diz que suspensão é inaceitável

O Ministério do Exterior da Alemanha publicou em seu perfil no Twitter nesta sexta-feira reproduções das contas de jornalistas suspensas pela redes social, e afirmou que a decisão da empresa era inaceitável.

"Liberdade de imprensa não pode ser ligada e desligada à vontade. A partir de hoje, estes jornalistas não podem mais nos seguir, comentar ou criticar. Temos um problema com isso, @Twitter", escreveu a pasta.

O vice-porta-voz do governo alemão, Wolfgang Buechner, também manifestou-se contra o "bloqueio arbitrário de jornalistas" e disse que deixará a rede social se a política da empresa for mantida, indicando seu perfil na rede social Mastodon, que vem ganhando adeptos insatisfeitos com o Twitter. Em seguida, ele informou que o governo alemão também já tem um perfil no Mastodon.

cn/bl (Reuters, AP)