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Planejando o pós-guerra

ns/mw23 de março de 2003

O programa Petróleo por Alimentos será retomado. A ONU não quer deixar a distribuição por conta da administração americana no Iraque. Soldados alemães podem integrar força de paz.

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Farinha do programa "Petróleo por alimentos" sendo descarregada em BagdáFoto: AP

Uma comissão de especialistas, presidida pela Alemanha, começou a elaborar em Nova York um plano para garantir o abastecimento da população iraquiana após a guerra. Ele será apresentado na próxima semana como projeto de resolução ao Conselho de Segurança, informaram fontes diplomáticas na sede das Nações Unidas.

O Conselho de Segurança encarregou a Alemanha de elaborá-lo, por ser ela que preside, desde o início do ano, o Comitê de Sanções contra o Iraque. Estava a cargo deste comitê o programa da ONU Petróleo por Alimentos que, desde 1996, visou garantir o abastecimento da população durante a vigência das sanções.

Socorro para os iraquianos

Günter Pleuger in der UN
Embaixador alemão na ONU, Gunter PleugerFoto: AP

Suspenso às vésperas da guerra, o programa deverá ser retomado o mais breve possível, para o que será necessário uma nova resolução. Após a reunião, o embaixador alemão nas Nações Unidas, Gunter Pleuger, disse que o Conselho de Segurança defende o uso dos mantimentos e recursos do programa para socorrer os iraquianos o quanto antes.

Irak Flüchtlinge Kurden kurdische Flüchtlinge erreichen Enklave in Qoshtappa
Família de curdos do Iraque fugiu de Kirkuk para Qoshtappa, perto da fronteira com a Turquia. As organizações de ajuda humanitária contam com 600 mil refugiados no IraqueFoto: AP

O comitê irá reunir as sugestões do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e de alguns membros do Conselho, analisando em que medida e como podem ser concretizadas. Trata-se de encontrar maneiras viáveis de distribuição de gêneros alimentícios e medicamentos em todo o Iraque e entre os refugiados nos países vizinhos, bem como de disponibilizar água potável em meio às ações de guerra e apesar delas.

ONU assumirá distribuição de alimentos

Partiu de Kofi Annan a proposta de retomar, de forma modificada, o programa Petróleo por Alimentos, suspenso às vésperas do início da guerra. Segundo as Nações Unidas, estão disponíveis alimentos no valor de 2,4 bilhões de dólares. O secretário-geral também quer que sejam enviados à região bens no valor de 6,5 bilhões de dólares, cujos contratos de fornecimento já foram assinados.

Também no futuro "o Conselho de Segurança será a organização responsável pela distribuição dos gêneros adquiridos com as exportações de petróleo do Iraque", disse o embaixador alemão, esclarecendo que isso não ficará a cargo de uma possível futura administração militar americana.

Embaixador: EUA não vão explorar o Iraque

O embaixador norte-americano na ONU, John Negroponte, disse que não se pensa em explorar o país em proveito de outros interesses. Os EUA irão garantir que os recursos naturais do Iraque - inclusive as reservas de petróleo - fiquem em mãos iraquianas e que eles sejam revertidos exclusivamente em proveito da população.

Mohammed Aldouri, embaixador do Iraque nas Nações Unidas, rechaçou a iniciativa, como também havia criticado a interrupção do programa no início da semana. Para ele, o secretário-geral da ONU está ajudando os EUA a tomarem os poços de petróleo do seu país.

Planos da Alemanha

O governo alemão também já faz planos para o pós-guerra, segundo o jornal Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung. De acordo com a edição dominical do FAZ, o Ministério das Relações Exteriores formou uma comissão para planejar a reconstrução do Iraque. O grupo seria formado pelo experiente diplomata Horst Freitag, que já atuou na Palestina.

O ministério não negou a informação, dizendo haver na realidade uma comissão que está analisando "todos os aspectos relacionados à crise iraquiana" e não especialmente com a reconstrução.

Referindo-se a fontes diplomáticas, o jornal disse ainda que em conjunto com o Ministério da Defesa está-se estudando a participação de 3 mil soldados alemães numa eventual força de paz internacional no Iraque. A missão custaria 1 bilhão de euros anuais aos cofres de Berlim.

Em entrevista à Deutschlandradio, o presidente do parlamento, Wolfgang Thierse (SPD), defendeu a participação alemã na reconstrução do Iraque. As prioridades seriam a formação de uma sociedade civil, a criação de uma ordem democrática e a cooperação econômica.