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Novo filme de Costa-Gavras estréia com polêmica

(aa)13 de fevereiro de 2002

"Amém" acusa Vaticano de assistir passivamente a ofensiva nazista. Baseado em fatos reais, película causa agitação na Berlinale.

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O filme é baseado na obra "O vigário", de Rolf HochhuthFoto: Edition Staeck

Após a polêmica prévia, o filme Amen (Amém), do diretor grego Constantin Costa-Gavras, estreou nesta quarta-feira (13) no 52º Festival Internacional de Cinema de Berlim. Não é de se admirar que a película tenha causado tanta agitação, pois trata da delicada relação Vaticano–Holocausto. Baseado na peça O vigário, de Rolf Hochhuth, lançada na década de 60, o diretor critica a passividade da Igreja Católica diante o extermínio dos judeus.

"Todos sabiam, mas ninguém fez nada", argumenta Gavras, em entrevista coletiva na Berlinale. Mesmo sem intenção de atacar a Igreja Católica, ele afirma que esta era a única instituição livre capaz de impedir a expansão nazista. "Houve resistência interna, porém nenhuma manifestação pública", acrescenta.

Hochhuth se diz satisfeito em ver o tema abordado por ele em 1963 novamente em discussão. Na época, sua peça também despertou fortes críticas. Segundo o autor, "o Vaticano fora informado do extermínio dos judeus pelo clero polonês, porém calou-se".

Baseado em fatos reais, Amen narra a história do oficial nazista Kurt Gerstein (Ulrich Tukur) que após entregar o produto químico Zyklon B para ser usado contra os judeus nas câmaras de gás, procura alertar as Igrejas protestante e católica. A tentativa desesperada do oficial para informar sobre as intensões dos nazistas chegou ainda aos ouvidos de diplomatas estrangeiros e dos Aliados, que também se mantiveram passivos.

Primeiras repercussões –

O tão criticado cartaz de divulgação do filme de Gavras provocou reação imediata da Igreja. O secretário-geral da Conferência Francesa de Bispos, Stanislas Lalanne, acusa a propaganda de "ferir a dignidade dos fiéis". A imagem de um crucifixo combinado com uma suástica, estampada no cartaz, "mistura de forma inadmissível Jesus Cristo e a barbárie nazista", censurou.