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Ministro alemão defende uso de vacinas da Rússia e China

31 de janeiro de 2021

Titular da Saúde diz que imunizantes poderiam ser utilizados para suprir déficit de doses enfrentado na Europa. Ele ressalta, porém, que uso depende de aprovação de agência europeia.

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Ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn
"Não importa o país em que a vacina foi desenvolvida se ela é segura e eficaz", diz SpahnFoto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance

O ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, afirmou neste domingo (31/01) que as vacinas contra a covid-19 desenvolvidas na Rússia e China poderiam ser usadas na Europa para suprir o atual déficit de doses que o bloco enfrenta.

"Não importa o país em que a vacina foi desenvolvida se ela é segura e eficaz. Assim, elas podem evidentemente ajudar no combate à pandemia", afirmou Spahn ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung.

O ministro ressaltou, porém, que, para o uso no bloco, esses imunizantes precisam ser aprovados pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), órgão da União Europeia (UE) que avalia pedidos de registro de medicamentos e vacinas. Ele disse ainda que não vê obstáculos fundamentais para a utilização de vacinas da China e da Rússia.

Moscou anunciou na sexta que tem capacidade para fornecer até 100 milhões de doses da Sputnik V à União Europeia no segundo trimestre deste ano, o que permitiria a imunização de 50 milhões de pessoas.

Na entrevista, Spahn afirmou também ter esperança de que a pandemia seja controlada no decorrer deste ano e de que não haja "um segundo aniversário do coronavírus nessa forma".

A falta de doses de vacinas deve ser um dos temas da reunião marcada para segunda-feira entre a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e os governadores do país, que debaterá a situação da pandemia.

Atualmente, a União Europeia tem empregado as vacinas das vacinas criadas pela Pfizer-Biontech e pela Moderna na sua campanha de vacinação. O bloco aprovou ainda na semana passada o imunizante da AstraZeneca-Oxford.

Escassez de vacinas

Os comentários do ministro sobre as vacinas chinesa e russa surgem dias após ele ter admitido que a Alemanha enfrenta atualmente uma escassez de imunizantes que pode durar até abril. Em redes sociais, Spahn disse que o governo alemão terá dificuldades em obter doses suficiente nos próximos meses.

"Ainda teremos pelo menos dez semanas difíceis com a escassez de vacinas", escreveu Spahn em sua conta no Twitter na quinta.

No início da semana, em entrevista à DW, o ministro disse que a UE precisava garantir sua "parcela justa" de doses e defendeu que o bloco deveria impor um sistema de licença de exportação para barrar a saída de imunizantes.

Nesta sexta, a União Europeia estabeleceu um mecanismo que lhe permite controlar – e na prática bloquear –  a exportação de vacinas para covid-19 produzidas em seu território. A decisão foi criticada pela Organização Mundial de Saúde.

A decisão é tomada em meio à queda de braço entre o bloco europeu e a gigante farmacêutica britânico-sueca AstraZeneca, que desenvolveu sua vacina contra a covid-19 em parceria com a Universidade de Oxford.

As autoridades europeias acusam a empresa, com quem firmaram um contrato, de não entregar as doses prometidas, ao mesmo tempo que cumpre seus prazos selados com o Reino Unido.

Dúvidas sobre as vacinas chinesa e russa

Há dúvidas sobre a segurança e eficácia de vacinas chinesas e russa, que foram aprovadas em seus países de origem antes da conclusão dos testes.

A Rússia foi o primeiro país a aprovar o uso de uma vacina, em agosto. A aprovação ocorreu antes mesmo da conclusão da terceira fase de testes clínicos, o que foi criticado por especialistas internacionais. As autoridades russas disseram que a eficácia da Sputnik V é de 92%, mas não há estudos independentes que confirmem esse percentual.

Já a China aprovou a vacina desenvolvida pela farmacêutica estatal Sinopharm, um dia depois de anunciar que os dados iniciais da fase final de teste indicaram uma eficácia do produto era de 79,3%.

Tanto o imunizante da Sinopharm quanto a Sputnik V já foram aprovados pela agência reguladora da Hungria, ignorando a intenção dos países europeus de tomar decisões conjuntas sobre o tema.

No Brasil, vacina chinesa aprovada foi a desenvolvida pela farmacêutica Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial do imunizante após a conclusão da fase final de testes que foi realizada no país.

Nesses testes, a Coronavac obteve uma eficácia geral de 50,38%. O índice indica a capacidade da vacina de proteger contra todos os casos da doença, independente da gravidade.

cn (dw/dpa)