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Jogos Olímpicos na imprensa alemã: Dia 2

Philip Verminnen7 de agosto de 2016

Yusra Mardini, refugiada síria que vive em Berlim, ganha destaque na mídia da Alemanha. Publicações focam na dramática história de superação da nadadora que salvou vidas no Mar Egeu e em sua mensagem de esperança.

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Yusra Mardini, nadadora refugiada da Síria
Foto: Getty Images/K. Robertson

Nem o recorde mundial do britânico Adam Peaty, nos 100 metros peito, nem a tão aguardada medalha de ouro para a húngara Katinka Hosszu, nos 400 metros medley, nem o domínio absoluto da Austrália no revezamento 4x100 metros livres. Em dia de recordes mundiais na piscina do Parque Aquático Maria Lenk, as atenções estiveram voltadas para Yusra Mardini, a integrante mais jovem da equipe de refugiados nos Jogos Olímpicos.

A síria de 18 anos ocupou ganhou destaque na cobertura esportiva dos jornais da Alemanha neste domingo (07/08) e ofuscou até mesmo a performance dos atletas alemães. Motivo? Além da dramática história de superação envolvendo sua fuga da guerra civil da Síria e o fato de ter salvado a vida de outros migrantes nadando por mais de três horas no Mar Egeu puxando um bote, Mardini encontrou há cerca de um ano um novo lar na Alemanha, em Berlim.

Com a vitória de Mardini na primeira bateria das disputas eliminatórias dos 100 metros borboleta, no sábado, os principais periódicos alemães repercutiram a façanha da jovem síria. Se o seu tempo de 1:09:21 foi insuficiente para se classificar à semifinal da disputa, Mardini se tornou o primeiro sucesso dos Jogos do Rio de Janeiro.

Yusra Mardini na Rio 2016
Tempo de 1:09:21 foi insuficiente para se classificar à semifinal, mas Mardini atraiu todas as atenções no RioFoto: Reuters/D. Gray

Die Welt: Jovem síria encanta os Jogos Olímpicos

Algum desatento pode pensar que o astro americano Michael Phelps deve chegar a qualquer momento, tamanha a aglomeração de jornalistas. Mas é Mardini, uma nadadora de 18 anos e que fugiu da Síria, que praticamente desaparece em meio à multidão. "Não, esta situação aqui não é difícil. Queremos mostrar a todos os refugiados e ao mundo, que não desistimos. E que vamos seguir adiante", cita o jornal.

Mardini fez questão de agradecer ao clube Wasserfreunde Spandau, em Berlim, por acolhê-la. "Eu não tinha nada quando cheguei para o primeiro treino no meu novo clube. Eles me deram tudo. O clube se tornou minha família", disse. "Quero agradecer a todos em Berlim, principalmente ao meu treinador Sven Spannekrebs. Vocês todos estão em meu coração, neste momento".

A história de Mardini rodou o mundo. Hollywood já entrou em contato para fazer um filme sobre sua história. Mas o Comitê Olímpico Alemão (Dosb) e Spannekrebs blindaram Mardini, focando nos Jogos. O fato de ter nadado 13 segundos mais devagar que a recordista mundial Sarah Sjöström, da Suécia, não era importante. "Foi realmente um sentimento indescritível de poder nadar nos Jogos Olímpicos", disse. "E é legal ver todos os campeões."

O que ela quer mostrar ao mundo? Mardini tem a resposta na ponta da língua: "Que nós somos pessoas normais, como todos vocês. Que não escolhemos este drama em nossas vidas e que simplesmente tentamos levar uma vida melhor."

Frankfurter Allgemeine Zeitung: "Refugiado não é xingamento"

Não são as estrelas da natação mundial que estão inicialmente em foco nos Jogos Olímpicos. Todos olham para a jovem de 18 anos Yusra Mardini. Depois de sua estreia nas Olimpíadas, ela foi mais requisitada do que o recordista mundial Adam Peaty. "Minha mensagem é simples: nunca desistir", diz a jovem, citada pelo jornal.

Sobre sua odisseia no Mar Egeu, ela garante que não tem más lembranças: "Pelo contrário. Sem nadar, talvez, eu não estivesse viva."

Mardini tem de responder perguntas sobre a crise migratória a que nem os líderes políticos são capazes de responder. Mas ela encontra as palavras certas: "Quero dizer a todos que refugiado não é um xingamento. Somos seres humanos. Podemos fazer muitas coisas para mostrar quem nós somos."

Yusra Mardini
Acolhida pelo clube Wasserfreunde Spandau, a refugiada não esqueceu de agradecer a todos os berlinenses que a ajudaramFoto: IOC/Claire Thomas

Focus: "Espero que as pessoas com a nossa história"

Um ano atrás, ela nadava pela sua vida. Agora ela participa dos Jogos Olímpicos. Integrante da equipe de refugiados, a jovem de 18 anos quer realizar seu sonho. Um sonho que aos poucos se aproxima da realidade.

E com ele, Mardini trouxe uma mensagem pessoal: "Espero que as pessoas com a nossa história – que as coisas sempre seguem adiante e que se podem realizar sonhos", cita a revista.

Süddeutsche Zeitung: Uma equipe como nunca houve antes

Dez atletas, dez histórias comoventes: a equipe olímpica de refugiados recebe muitos aplausos no Rio de Janeiro. Entre os integrantes, uma jovem de 18 anos residente em Berlim. A equipe de refugiados, inclusive, participou de um comercial de uma empresa de cartão de crédito, um dos maiores patrocinados dos Jogos Olímpicos.

No clipe publicitário, Mardini é o personagem principal. Ela pula numa piscina e sai nadando. Corte. Mardini segue nadando, mas desta vez puxando um bote com refugiados. A história de sua fuga, passando por Damasco, Beirute, Istambul, Izmir, é contada novamente, destaca o Süddeutsche Zeitung.

Mardini não é a líder da equipe de refugiados, mas uma espécie de representante de classe – em grande parte por seu inglês claro. Não surpreende que Mardini seja tão requisitada na Vila Olímpica, conclui o jornal.