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'O grande reconciliador'

18 de julho de 2008

Mandela completa 90 anos, dos quais 27 foram passados na prisão. A imprensa alemã avaliou o legado do líder que "lutou e venceu o apartheid, sem ansiar por vingança", tornando-se símbolo de paz não só na África do Sul.

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'Grandeza humana é a chave de seu carisma'Foto: picture-alliance/dpa

"Mandela faz 90 anos nesta sexta-feira (18/07) – um homem que passou 27 anos de sua vida na prisão e mesmo assim nunca desistiu de acreditar na vitória da justiça. Um homem que liderou a luta contra o apartheid, triunfou e ainda assim nunca ansiou por vingança. Aos que oprimiram e humilharam sua gente, Mandela estendeu a mão", resumiu o jornal Süddeutsche Zeitung.

"O segredo do carisma de Nelson Mandela é supostamente sua grandeza humana – a chave para entender por que ele se tornou um contemporâneo admirado e, sob vários aspectos, um símbolo de paz e reconciliação para jovens e idosos, negros e brancos, na África do Sul e no mundo, além de todas as fronteiras", avaliou o Tagesspiegel, de Berlim.

Nelson Mandela mit Ehefrau Winnie und Anhängern nach seiner Freilassung
Com a esposa Winnie após sua libertação em 1990Foto: picture alliance/dpa

Fraquezas esquecidas

"Mandela agora precisa absolver um jubileu do superlativo, uma espécie de festa de aniversário global. Assim quer o mundo: festejá-lo como nunca antes se festejou um político. No portal www.happybirthdaymandela.com, são registrados, a cada minuto, votos de felicidades vindos da Mongólia e de Trinidad, da Islândia e de Kiribati. A Tanzânia lidera a lista mundial, à frente da África do Sul. E a Alemanha ocupa a terceira posição, bem à frente da Inglaterra e dos EUA. Ao que parece, o anseio por um nobre, bom e forte líder internacional parece ser especialmente grande por aqui", concluiu o semanário Die Zeit.

Nelson Mandela posiert mit Bill Clinton in seiner ehemaligen Gefängniszelle
Junto com o ex-presidente Clinton na cela onde foi mantidoFoto: AP

"Está-se homenageando o homem que lutou pela liberdade, que venceu o ódio racial, o grande reconciliador, o estadista. Seus pontos fracos, os acessos de obstinação senil e os lapsos na política contra a Aids já foram há muito esquecidos. Agora lembra-se apenas do 'milagre no Cabo', seu feito histórico de guiar pacificamente um país corroído pelo ódio do apartheid à democracia. [...] Nelson Mandela é uma plataforma de projeção na qual a humanidade reconhece seus ideais universais", resumiu o mesmo jornal.

Reconciliação como missão política

"A uma África do Sul profundamente corroída pelo apartheid, ele ofereceu a reconciliação como meio para superar o passado. Reconciliação é para Mandela muito mais que uma bela palavra: é uma missão política tangível que ele institucionalizou na Comissão de Verdade de seu país, que, por mais que não tenha escapado de críticas, até hoje continua sendo arquetípica para processos de reconciliação política em todo o mundo", elogiou o presidente alemão, Horst Köhler, em um artigo publicado no jornal Frankfurter Rundschau.

Nelson Mandela als junger Anwalt
Mandela como jovem advogadoFoto: AP

E prossegue: "Mandela estava consciente de que tal processo ainda não estava concluído quando se retirou da política em 1999. Mas um democrata como ele também sabe que a democracia só concede poder temporário. Nesse sentido, ele continua servindo de modelo ao falar do Zimbábue como 'um trágico fracasso de liderança política'."

Legado de Mandela

No entanto, o Neue Westfälische alerta que, "em seu país, hoje o medo circula novamente, com ataques contra estrangeiros custando vidas e forçando milhares a fugir. Esse não pode ser o legado de Mandela. Quando ele destituiu o sistema do apartheid nos anos 90, o sonho de um país livre parecia se haver concretizado. Mas Mandela estava velho demais e outros assumiram a liderança política. Novamente, a cobiça de poucos por poder e dinheiro levou à pobreza de muitos – e ao ódio. A África do Sul precisa de um novo Mandela. Este agora só pode alertar".

Já para o Westfalen-Blatt, "a África do Sul naturalmente tem problemas, como inflação, aids, desemprego e xenofobia, que nas últimas semanas puderam ser observados de forma drástica. No entanto, não há despotismo como em outros países e os princípios democráticos estão estabelecidos". (rr)