1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
ConflitosLíbia

Forças rivais na Líbia assinam cessar-fogo

23 de outubro de 2020

Saudado como "histórico" pela ONU, acordo prevê fim imediato de confrontos e retirada de combatentes estrangeiros do país. Medida abre caminho para solução de conflito que devastou a região.

https://p.dw.com/p/3kMmv
Soldado membro do autointitulado Exército Nacional Líbio (LNA)
Líbia se encontra em caos desde a queda do ditador Muammar Gaddafi, em 2011Foto: Esam Omran Al-Fetori/Reuters

As partes envolvidas no conflito da Líbia chegaram nesta sexta-feira (23/10) a um acordo para um cessar-fogo permanente. A medida abre caminho para uma resolução da guerra civil, que espalhou caos no país nos últimos anos. O acordo foi alcançado após cinco dias de negociações em Genebra organizadas sob a égide da ONU.

Segundo a chefe interina da Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (Manul), Stephanie Williams, o cessar-fogo tem início imediato e prevê que todos os combatentes estrangeiros, que lutam em ambos os lados, deixem o país em até três meses.

"Estou honrada por estar aqui hoje com vocês para testemunhar um momento que ficará na história", afirmou Williams. "Espero que esse acordo contribua para acabar com o sofrimento do povo líbio, e esperamos que permita aos deslocados e aos refugiados, no interior e no exterior do país, o regresso às suas casas e viver em paz e segurança."

Chefe interina da Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (Manul), Stephanie Williams
Stephanie Williams, da ONU, conduziu negociações Foto: Fabrice Coffrini/AFP/Getty Images

Assinado pelo Governo do Acordo Nacional da Líbia (GNA), comandado por Fayez al-Sarraj e reconhecido internacionalmente, e pelas forças rebeldes do autointitulado Exército Nacional Líbio (LNA), lideradas pelo general Khalifa Hafter, o acordo prevê ainda a abertura das principais rotas terrestres do país, assim como de algumas vias aéreas internas.

Detalhes importantes sobre a implementação do cessar-fogo, entre eles o monitoramento da retirada dos combatentes estrangeiros, serão minuciados por subcomitês em futuras reuniões. Para o próximo mês, estão ainda programadas conversas políticas visando eleições no país.

Williams lembrou inúmeras recentes tréguas no conflito e soluções políticas fracassadas, mas saudou ambos os lados pela coragem demonstrada com o cessar-fogo e afirmou que eles merecem o apoio internacional. Ela disse ainda estar "bastante otimista".

A Líbia se encontra em caos desde a queda do ditador Muammar Gaddafi, em 2011. Desde 2014, o país se encontra dividido entre leste e oeste. Os combates na região causaram centenas de mortos e obrigaram a fuga de dezenas de milhares de pessoas.

Como a Líbia é dilacerada por potências estrangeiras

ONU e UE saúdam cessar-fogo

O secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou o acordo assinado em Genebra. "Demasiadas pessoas sofreram, durante muito tempo", disse, lamentando as mortes de civis causadas pelos confrontos.

Recordando o embargo de armas imposto em 2011 pelo Conselho de Segurança da ONU à Líbia e a necessidade de respeitar tal resolução, Guterres apelou a "todos os intervenientes" e aos "atores regionais" para que respeitem o cessar-fogo e garantam a sua rápida aplicação.

A assinatura do cessar-fogo também foi bem recebida pela União Europeia (UE). "Saudamos o anúncio desse acordo, é uma boa notícia. Mas a sua implementação é também importante, pois será a chave para que sejam retomadas as negociações políticas. E nós sabemos muito bem que a aplicação será mais difícil do que as negociações para este acordo", comentou Peter Stano, porta-voz do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

Ele recordou que o regresso à mesa de negociações "é uma pré-condição colocada pela UE para prestar o apoio prometido" e enfatizou que "essas negociações políticas devem ter como resultado uma solução pacífica para a crise líbia". 

A UE condicionou o seu apoio econômico e político à Líbia a três pré-condições: um cessar-fogo permanente, o levantamento do bloqueio das exportações de petróleo e a retomada do diálogo político.

CN/rtr/lusa