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Condenação a ataque na Líbia fracassa na ONU

4 de julho de 2019

Declaração conjunta condenando a morte de 44 migrantes em centro de detenção teria sido bloqueada pelos EUA, segundo diplomatas. Secretário-geral da ONU classifica incidente de "horrendo".

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Conselho de Segurança da ONU
Conselho de Segurança da ONU não obteve consenso para condenar ataque aéreo a centro de migrantes na LíbiaFoto: picture-alliance/Photoshot/Li Muzi

O Conselho de Segurança da ONU não conseguiu chegar a um consenso nesta quarta-feira (03/07) para aprovar uma declaração unânime condenando o ataque aéreo a um centro de detenção de migrantes na Líbia, frustrando a expectativa de representantes diplomáticos de vários países. Os EUA teriam impedido a aprovação do texto.

Em reunião de duas horas de duração a portas fechadas, o Reino Unido tentou convencer os demais dos Estados-membros do Conselho a aprovarem um texto com uma condenação ao ataque que matou ao menos 44 migrantes e deixou mais de 130 feridos em Tajoura, nos arredores de Trípoli.

Mas, segundo fontes diplomáticas, os Estados Unidos rejeitaram a medida ao afirmar que seria necessária luz verde vinda de Washington, o que fez com que a declaração acabasse sem o aval dos EUA.

Este foi o incidente com o maior número de mortes em razão de um ataque aéreo desde que as forças do general Khalifa Haftar iniciaram, há três meses, uma ofensiva com tropas terrestres e aeronaves para tomar a capital, que é a sede do governo líbio reconhecido pela comunidade internacional. O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou que chamou de um ataque "horrendo" e exigiu uma investigação independente.

O local atingido abrigava migrantes, na maioria vindos de outros países africanos eque fogem de conflitos e da pobreza e tentam chegar à Europa através da Líbia, de onde se arriscam na travessia do Mar Mediterrâneo. O enviado da ONU para a Líbia, Ghassan Salame, condenou o ataque, afirmando em comunicado que "claramente se enquadra no nível de um crime de guerra".

O exército de Haftar inclui remanescentes das Forças Armadas do ex-ditador líbio Muammar Kadafi, além de grupos tribais e salafistas, que seguem uma versão ultraconservadora do islamismo. A milícia atua como um exército regular, com uniformes e uma cadeia de comando bem definida. O general já recebeu apoio do Egito, Emirados Árabes Unidos e da Rússia.

As grandes potências mundiais se dividem quanto a uma possível reação à campanha militar de Haftar. Os EUA e a Rússia se recusam a apoiar o pedido da ONU de promover um cessar-fogo no país norte-africano. O Departamento de Estado americano divulgou uma nota condenando o "abominável" ataque, mas não pediu uma trégua.

Gustavo Meza-Cuadro, embaixador do Peru, país que ocupa a presidência rotatória do Conselho de Segurança, afirmou à imprensa que as discussões vão continuar. Entretanto, outros membros do órgão demonstraram ceticismo quanto à aprovação de uma declaração conjunta.

A Organização Internacional para a Migração (OIM) disse que cerca de 250 migrantes ainda permanecem em Tajoura. O porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) Charlie Yaxley disse que a proximidade entre o centro de detenção de migrantes e um depósito de armas fez com que o local se tornasse um alvo.

"As coordenadas do centro de detenção eram bem conhecidas dos dois lados do conflito", afirmou, ao confirmar o envio de equipes médicas ao local.

O Acnur já havia alertado para as condições perigosas em Tajoura, onde estavam detidas 616 pessoas, pedindo que o centro fosse imediatamente evacuado após um projétil cair nas proximidades do local, ferindo dois migrantes. A agência pediu o fim dos esforços internacionais para que os refugiados sejam mantidos à força na Líbia.

RC/afp/ap/rtr/dpa

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