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Cientistas abalam regra de que 8 horas de sono são o ideal

3 de maio de 2022

Distúrbios dos padrões de sono têm sido associados a diversas doenças, entre as quais Alzheimer e demência. Segundo pesquisadores da Inglaterra e China, menos pode ser mais – pelo menos para os mais idosos.

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Casal idoso dormindo em cama
Foto: Shotshop/IMAGO

Uma regra que muitos adultos têm internalizada é que uma boa noite significa dormir oito horas. Porém uma equipe de pesquisadores das universidades de Cambridge, na Inglaterra, e Fudan, em Xangai, China, concluiu que sete horas de sono podem ser o ideal para indivíduos de meia-idade e idosos.

Dicas para uma boa noite de sono

Segundo o estudo publicado na revista Nature Aging, esse tempo de descanso seria o melhor para o desempenho cognitivo e a boa saúde mental. A base foram os dados que quase 500 mil participantes entre 38 e 73 anos de idade forneceram sobre seus padrões de sono, assim como seu bem estar e saúde mental.

Uma série de tarefas cognitivas para testar a velocidade de processamento, atenção visual, memória e capacidade de resolução de problemas indicou que menos – porém também mais – do que sete horas ininterruptas de sono tem efeito negativo sobre essas aptidões.

Outro fator é a regularidade: quem teve os melhores resultados apresentara pouca flutuação dos padrões de sono por um longo período, mantendo-se em torno de sete horas.

A equipe faz uma ressalva: 94% dos participantes do estudo eram brancos, portanto não é garantido que os resultados também valham para indivíduos de outras cores ou de outros meios culturais.

Dados importantes para estudo da demência senil

"Ter uma boa noite de sono é importante em todas as etapas da vida, mas especialmente na idade avançada", confirma a coautora Barbara Sahakian, professora da Universidade de Cambridge. Pois insuficiência de sono interfere com o processo do cérebro de se livrar de toxinas.

A perturbação da fase de ondas lentas, ou sono profundo, também pode causar degeneração cognitiva, ao afetar a consolidação da memória e gerar acúmulo da proteína amiloide, resultando nos "novelos" proteicos característicos de certas formas de demência.

"Não temos como dizer de forma conclusiva que sono demais ou de menos cause problemas cognitivos, nossa análise aparentemente corrobora essa noção", explica o neurologista Jianfeng Feng, professor da Universidade Fudan. "Mas as razões por que os mais idosos dormem pior parecem ser complexas, influenciadas por uma combinação de constituição genética e estrutura cerebral."

Cerca de 40 mil participantes do estudo também dispunham de dados genéticos e de imagiologia cerebral. Estes sugerem que a quantidade de sono possa estar associada a diferenças estruturais em regiões cerebrais como o hipocampo – considerado o centro de memória e aprendizado – e o córtex pré-central – responsável pela execução de movimentos voluntários.

Como o risco de desenvolver doença de Alzheimer e demência tem sido conectado à duração do sono, os cientistas consideram essencial realizar pesquisas mais aprofundadas no campo da ciência do sono.

"Encontrar meios de melhorar o sono dos mais idosos poderá ser crucial para a manutenção da saúde mental e do bem-estar, evitando degeneração cognitiva, sobretudo nos pacientes com distúrbios psiquiátricos e demências", anunciou Sahakian.