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Brasileiros fazem ato pró-Dilma em Berlim

Clarissa Neher, de Berlim31 de março de 2016

Manifestantes defendem permanência da presidente no cargo e criticam processo de impeachment. "Somos contra o golpe no Brasil", afirma participante. Protesto reúne cerca de 150 pessoas, incluindo intelectuais.

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Intelectuais como Karim Aïnouz (c) participaram da manifestação em frente ao Portão de BrandemburgoFoto: DW/C. Neher

Cerca de 150 pessoas participaram, no início da noite desta quinta-feira (31/03), de uma manifestação em favor da presidente Dilma Rousseff em Berlim. O evento realizado em frente ao mais conhecido cartão postal da cidade, o Portão de Brandemburgo, contou com a participação de intelectuais brasileiros, como o cineasta Karim Aïnouz.

"Há uma polarização política perigosíssima, além de uma situação horrível, que é uma presidente mulher sendo acusada sem provas por um grupo de pessoas contra os quais existem provas muito claras. O mundo inteiro tem que estar alerta de que existe uma tentativa no Brasil de uma reviravolta política que não irá fazer bem para ninguém", afirmou Aïnouz, acrescentando que este é o momento de a esquerda brasileira se unir.

O protesto em Berlim fez parte de uma série de eventos organizados em várias cidades do mundo em apoio ao governo de Dilma no dia que marca os 52 anos do golpe militar de 1964. Na capital alemã, os participantes defenderam a democracia e denunciaram irregularidades no processo de impeachment.

Brasilianischer Demo in Berlin für Unterstützung von Dilma Rousseff
Fernanda Cury Cabral exibe seu cartaz com os dizeres "Nós somos Dilma e Lula", antes do início do protestoFoto: DW/C. Neher

"Somos contra o golpe que está sendo feito no Brasil, queremos mostrar que mais da metade da população não quer o golpe. O impeachment em si não é golpe, mas a maneira como está sendo conduzida é um golpe, pois não fundamentos legais para esse processo", afirmou o músico Pardal Freundenthal, que participou da organização do protesto.

Os manifestantes defenderam ainda a educação gratuita de qualidade para todos, a reforma política, a reforma agrária, a demarcação de terras indígenas e quilombolas, o direito das mulheres, as políticas sociais, a criminalização da homofobia e a desmilitarização da polícia. "É o momento para fazer algo, mesmo que seja pequeno, para participar e tentar mudar o rumo das coisas", disse o cineasta Gustavo Jahn.

Brasilianischer Demo in Berlin für Unterstützung von Dilma Rousseff
Manifestantes começaram a se reunir no fim da tarde. "Contra o golpe no Brasil", diz a faixaFoto: DW/C. Neher

De vários locais

Embalados ao som de Chico Buarque, Caetano Veloso, Raul Seixas e Ney Matogrosso, os manifestantes seguraram cartazes em português e alemão que pediam a saída do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, mais educação e o respeito ao voto. "Wir sind alle Brasilianer" (Somos todos brasileiros) dizia a faixa aberta em frente ao monumento da capital alemã.

"Apesar de não estarmos no Brasil, queremos mostrar que continuamos sendo grandes também fora do país e que continuamos sendo brasileiros. Espero que a presidente, que foi eleita pelo povo, continue governando, pois não há nenhum crime. Pedalada fiscal é falácia, todo mundo faz. Espero coerência", disse Fernanda Cury Cabral, que mora na capital alemã.

O protesto chamou a atenção de turistas que passavam pelo local e reuniu também brasileiros de passagem pela Alemanha, como Eduardo Paiva Sampaio, que estava visitando Dresden e veio especialmente para a capital alemã para participar do evento. Sampaio disse que ficou sabendo do protesto pelas redes sociais.

Além de brasileiros de vários regiões do país, alemães e latino-americanos vieram prestar apoio ao evento. Para o argentino Pablo Rosso, os atuais problemas do Brasil são semelhantes aos de vários países da América Latina. "Em vários países a força de direita tenta voltar com a velha política", disse.

Protestos semelhantes ao de Berlim estavam marcados também para Hamburgo, Munique e Münster, além de outras cidades europeias, como Copenhague, Barcelona e Paris.